Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Notti, Regina Kuhmmer |
Orientador(a): |
Polanczyk, Carisi Anne |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/132126
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Resumo: |
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é considerada um problema de saúde pública e o principal fator de risco para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares. Diante disso, os principais objetivos deste estudo foram avaliar a efetividade de um programa multidisciplinar no controle da pressão arterial (PA) e a qualidade da dieta de pacientes hipertensos em atenção primária à saúde (APS). Trata-se de um ensaio clínico randomizado, controlado, realizado em duas unidades de Estratégia de Saúde da Família (ESF) do distrito Restinga e Extremo-Sul, em Porto Alegre, Sul do Brasil. Duzentos e cinquenta e seis pacientes, com idade ≥40 anos, hipertensão não controlada, PA sistólica ≥140 mmHg e/ou diastólica ≥90 mmHg, foram incluídos estudo. Foram analisadas variáveis sociodemográficas, clinicas e comportamentais, tais como: medidas antropométricas, dietéticas, adesão à medicação e prática de atividade física. Os pacientes foram randomizados para o grupo programa multidisciplinar, participando de encontros mensais de educação em saúde e de atividade física orientada duas vezes por semana, ou para o grupo programa multidisciplinar + cuidado individual (CI), onde receberam também consultas mensais com nutricionista e farmacêutico. A adesão à medicação foi avaliada pelos questionários Teste de Morisky-Green e Brief Medication Questionnaire (BMQ), e a prática de atividade física pelo Questionário Internacional De Atividade Física (IPAQ). Os dados dietéticos foram coletados através do recordatório de 24 horas e a qualidade da dieta foi avaliada de acordo com o Índice de Alimentação Saudável (IAS). As variáveis contínuas foram expressas como média e desvio padrão (dp) ou mediana e intervalo interquartil (IIQ), e as variáveis categóricas como proporções. As variáveis contínuas foram analisadas pelo teste t de Student, teste U de Mann-Whitney ou Equação de Estimação Generalizada (EEG), e as variáveis categóricas, pelos testes qui-quadrado de Pearson ou exato de Fisher, quando apropriado. Foram considerados significativos valores de p< 0,05. As análises foram realizadas no programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 20 para Windows. As características sociodemográficas, clínicas e comportamentais dos participantes foram semelhantes entre os grupos. A média de idade foi de 60 anos (dp= 10), a maior parte era do gênero feminino (71%) e da raça branca (75%). A mediana de renda domiciliar mensal foi de R$ 1.420,00 (814,00 – 2.190,00), da escolaridade foi de 5 anos (2,25 - 8,00) e a média do índice de massa corporal (IMC) foi de 30 kg/m2 (dp= 5,6). Após seis meses de acompanhamento, a PA sistólica reduziu em ambos os grupos de tratamento: Δ - 11,8 mmHg (dp= 20) no grupo programa multidisciplinar e Δ - 12,9 mmHg (dp= 19), no grupo programa multidisciplinar + CI; p< 0,001, sem interação entre os grupos, p= 0,60. Do mesmo modo, foi observada uma redução significativa na PA diastólica, em ambos os grupos: Δ - 8,1 mmHg (dp= 10,8) no grupo programa multidisciplinar e Δ - 7 mmHg (dp= 11,5) no grupo programa multidisciplinar + CI; p< 0,001, sem interação entre os grupos, p= 0,36. Em relação às medidas antropométricas, não foram observadas diferenças significativas intra e entre os grupos nas variáveis IMC, circunferência da cintura e relação cintura-quadril. A adesão à medicação medida pelo Teste de Morisky-Green aumentou de 34% para 49% no grupo programa multidisciplinar e de 35% para 55% no grupo programa multidisciplinar + CI. Em relação ao BMQ, a adesão à medicação aumentou de 35% para 68% no grupo programa multidisciplinar e de 22% para 67% no grupo programa multidisciplinar + CI. A prática de atividade física aumentou tanto no grupo programa multidisciplinar como no grupo programa multidisciplinar + CI; p <0,001, bem como o percentual de pessoas ativas, de 22% para 49%; p <0,001, no grupo programa multidisciplinar e de 21% para 52%; p <0,001, no grupo programa multidisciplinar + CI. No entanto, não houve diferença significativa entre os grupos. Em relação à qualidade da dieta, a pontuação média pelo IAS no grupo programa multidisciplinar foi 65,9 pontos (dp= 12,2), enquanto que no grupo programa multidisciplinar + CI foi de 68,4 pontos (dp= 12,6), p= 0,166. No grupo programa multidisciplinar, 73% dos participantes tinham dietas que necessitavam modificações e 16% delas apresentavam boa qualidade, enquanto que no grupo programa multidisciplinar + CI, 74% das dietas necessitavam modificações e 17% delas apresentavam boa qualidade. Dietas inadequadas também foram semelhantes entre os grupos: 12% no grupo programa multidisciplinar e 9% no grupo programa multidisciplinar + CI. A pontuação em ambos os grupos foi similar para o consumo de grãos e tubérculos, vegetais, leguminosas, carnes e ovos e laticínios, com exceção da pontuação para o consumo de frutas, que foi maior no grupo programa multidisciplinar + CI; p= 0,003. Da mesma forma, a pontuação para a ingestão de gorduras totais, colesterol, sódio e variedade da dieta foram similares nos dois grupos, sem diferença significativa; p> 0,05. Este estudo demonstra a efetividade de um programa de educação em saúde para o controle da PA. No entanto, estudos com maior período de acompanhamento devem ser conduzidos para avaliar o impacto destas intervenções sobre os desfechos clínicos associados com os marcadores bioquímicos e risco cardiovascular. No que se refere à adequação da qualidade da dieta, pode-se concluir que a maioria dos participantes do estudo ainda necessita modificações na qualidade da alimentação, com ênfase no consumo de vegetais, frutas, leguminosas, carboidratos e laticínios. Ressalta-se, também, a importância da implementação de políticas públicas, através de programas de educação em saúde abrangentes e de fácil acesso à população. |