Processos e fatores evolutivos envolvidos na geração e manutenção da diversidade e seu significado na conexão genótipo-fenótipo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Hunemeier, Tábita
Orientador(a): Bortolini, Maria Cátira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/194174
Resumo: Um grande desafio para os geneticistas da atualidade é desvendar as relações que os genes ou regiões gênicas, bem como suas variáveis, têm com determinados fenótipos. Deste modo as abordagens apresentadas neste estudo buscaram ajudar a desvendar a conexão entre alguns destes genes/regiões gênicas com variações morfológicas e metabólicas em populações humanas e em outros mamíferos. Os resultados deste trabalho foram apresentados sob a forma de artigos científicos, sendo que os resultados podem ser resumidos como segue: 1) Hünemeier et al. 2009. TCOF1 T/Ser variant and brachycephaly in dogs. Animal Genetics; 40(3):357-358. Neste trabalho foi demonstrado que o polimorfismo do éxon 4 (C396T, Pro117Ser) do gene TCOF1, está envolvido nos mecanismos de variação morfológica da face, sendo encontrado com mais freqüência em cães braquicéfalos do que meso e dolicocéfalos, porém esta associação não é direta como descrita anteriormente. Foram encontrados cães dolicocéfalos homozigotos para o alelo T/Ser, bem como cães braquicéfalos homozigotos para o alelo C/Pro. Considerando a intricada rede de regulação e expressão deste gene, a mutação por nós estudada pode ser codependente de outras variantes na mesma rede de interação gênica; 2) Hünemeier et al. FGFR1 gene haplotype tag-SNPs, linkage disequilibrium patterns, and their influence in normal craniofacial variation (em preparação para ser submetido para a revista Human Heredity). Neste trabalho dados de variação craniofacial foram obtidos e comparados através de análises uni e multivariadas com polimofismos do gene FGFR1 (N = 333). O alelo rs46470905 C parece estar envolvido na variação normal relativo ao índice cefálico encontrado em populações humanas. Entretanto, claramente outros fatores da rede de desenvolvimento também parem estar envolvidos Os blocos de LD variam em cada grupo populacional investigado, influenciando também a relação de cada background genético com os seus respectivos fenótipos. 3) Hünemeier et al 2010. Population Data Support the Adaptive Nature of HACNS1 Sapiens/Neandertal-Chimpanzee Differences in a Limb Expression Domain. American Journal of Physical Anthropology. No prelo. DOI: 10.1002/ajpa.21378. Neste artigo envolvendo o sequenciamento do enhancer HACNS1 em 194 indivíduos de vários grupos geográficos foi possível demonstrar que a ação da seleção positiva na linhagem Homo foi responsável pela fixação das mutações específicas encontradas nesta região quando comparada com o gênero Pan. A ausência de variação intra-específica no Homo sapiens e no Neandertal reforça o papel funcional do enhancer, mantido inalterado posteriormente pela ação extrema de seleção purificadora. Como discutido no artigo, é possível que o mesmo esteja envolvido na regulação de genes que caracterizam morfologicamente nosso gênero, tais como postura ereta e destreza das mãos 4) Hünemeier et al. Gene-culture Dynamics: An Example Involving Native Americans (em preparação para ser submetido para a revista American Journal of Physical Anthropology). Foi possível com este estudo determinar que o alelo funcional autóctone nativo Americano 230Cys do gene ABCA1 teve uma origem a cerca de 8.268 ± 5.916 anos antes do presente, sendo que o aumento de sua freqüência na América Central/Mesoamérica, poderia estar relacionada com a transição de uma cultura caçadora-coletora para agriculturalista, baseada no cultivo do milho. Este caso seria o primeiro exemplo bem documentado de evolução gene-cultura envolvendo alelo autóctone nativo americano. Este cenário, no entanto, não poderia ser extrapolado para a América do Sul e América do Norte, visto que são duas regiões com distintos padrões culturais e ecológicos. Conjuntamente estes achados permitem sugerir que as relações fenótipogenótipo são influenciadas por diversos fatores biológicos/culturais/ambientais e que a variação existente dentro da espécie humana, é resultado de uma intricada rede de interações genéticas, que atuam em todos os níveis do desenvolvimento. Adicionalmente, as interações desta rede no Homo sapiens sapiens se distingue daquelas de outros mamíferos, em especial pela ação catalisadora de processos derivados justamente da característica que torna nossa espécie singular, a cultura.