Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Cruz, Viviane Xavier de Araujo |
Orientador(a): |
Eichler, Marcelo Leandro |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/231999
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Resumo: |
O Ciência sem Fronteiras – CsF foi um programa de mobilidade acadêmica internacional de grande importância e de grandes proporções. Foi instituído em 2011 com o desafio de implementar 101 mil bolsas em quatro anos, com foco na graduação-sanduíche, que abarcaria 75% das concessões. O contexto econômico favorável da época aliado às demandas setor produtivo nacional e ao consenso na literatura sobre a importância atribuída à internacionalização do ensino superior, mais especificamente à mobilidade estudantil, para o desenvolvimento das universidades e do país foram as condições que propiciaram a criação do programa. Assim, o CsF foi tomando forma como parte da primeira política pública em larga escala de mobilidade estudantil internacional para a graduação da história do Brasil, tendo como objetivo principal desenvolver a indústria. No entanto, após o impedimento da presidenta Dilma Rousseff, as bolsas para a graduação foram suspensas, interrompendo a política para esse nível de ensino sem que se pensasse em formas de se aprimorar, redimensionar ou reformulá-la, como se espera dos ciclos de políticas públicas. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi compreender por que não se levou adiante uma política pública de que o país aparentemente ainda precisa, já que não resolveu os problemas por que foi criado, e que existe em diversos países do mundo. Para tanto, foram realizados cinco estudos elaborados com métodos mistos e complementares de forma a confirmar os achados por meio da múltipla triangulação. O primeiro analisou a intersetorialidade da política, a partir de análise bibliográfica e documental. O segundo percorreu toda a história da concessão de bolsas internacionais da Capes desde 1951, governo a governo. O terceiro analisou as atas dos conselhos superiores da Capes utilizando análise lexical com apoio do software Iramuteq. O quarto estudou, utilizando o modelo de análise argumentativa proposto por Toulmin, o movimento do Judiciário influenciando a política por meio da judicialização de um dos critérios de seleção para os estudantes de graduação: a nota no Enem. E o último analisou como o programa foi noticiado pelos jornais brasileiros, utilizando técnicas de narratologia literária para reconstruir a narrativa jornalista do CsF. Observou-se, então, uma forte guinada no programa que acompanhou as mudanças políticas ocorridas no país a partir de 2013. Após a crise da política neodesenvolvimentista, provocada fundamentalmente pela ofensiva restauradora do campo político neoliberal ortodoxo após embates do governo com o setor industrial e rentista, o governo como um todo e o programa em específico passaram a ser duramente criticados, de forma que a política não cabia mais nos governos posteriores, que reduziram o fomento científico de modo geral, e em uma nova forma de Estado em que o mercado, a circulação do dinheiro e dos bens ganham mais relevância que os direitos fundamentais, como a educação, vistos como um obstáculo à mercantilização. |