Caracterização de pacientes com diagnóstico de retinoblastoma identificados nos Serviços de Oncologia Pediátrica, Oftalmologia e Genética no Hospital de Clínicas de Porto Alegre/RS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Selistre, Simone Geiger de Almeida
Orientador(a): Prolla, Patrícia Ashton
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/87184
Resumo: Retinoblastoma (Rb) é o tumor ocular mais frequente na infância e cada grande Centro deve conhecer o perfil dos seus pacientes. Foi realizado um estudo do tipo coorte retrospectivo e incluiu pacientes com Rb atendidos entre 1983 e 2012 nos Serviços de Oncologia Pediátrica, Oftalmologia e Genética Médica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). De um total de 165 registros no período foram efetivamente incluídos 140 pacientes, sendo 95,0% destes provenientes de municípios do Rio Grande do Sul. Os sinais mais frequentes ao diagnóstico foram: leucocoria (73,6%) e estrabismo (20,7%). Identificamos a seguinte distribuição: doença unilateral (65,0%), bilateral (32,9%) sendo 80,4% com doença multifocal (p=0,015), trilateral (2,1%). A idade média dos pacientes por ocasião dos primeiros sinais e sintomas foi de 18,1 meses [mediana=12,0] e a idade média ao diagnóstico foi 23,5 meses [mediana=16,5]. Cinquenta pacientes (35,7%) foram diagnosticados no 1º ano de vida. O tempo de diagnóstico médio da coorte foi 5,4 meses [mediana=3,0], (amplitude=0-77,0). A idade média aos primeiros sinais e sintomas do grupo com critérios de hereditariedade foi de 12,3 meses enquanto a do grupo não hereditário foi de 21,6 meses (p=0,001), enquanto a idade média ao diagnóstico foi de 15,9 meses vs. 28 meses, respectivamente (p<0,001). Entretanto não houve diferença na sobrevida entre esses subgrupos. O estadiamento ocular dos pacientes ao diagnóstico na sua maioria foi avançado (classificação de Reese V em 76,5%, Internacional D ou E em 78,1%), sendo que 35,2% dos unilaterais e 34,8% dos bilaterais já apresentavam doença extraocular em pelo menos um olho ao diagnóstico. Quinze pacientes (10,7%) tinham doença metastática ao diagnóstico. Em relação ao tratamento, diferentes modalidades foram utilizadas, sendo a maioria dos pacientes submetidos à cirurgia, sendo esta enucleação em 88,1% e exenteração em 11,9%. Uma parcela significativa dos pacientes foi tratada com quimioterapia sistêmica (57,1%) e/ou radioterapia (37,1%). Do total de pacientes recrutados, 131 (93,6%) permaneceram vinculados ao hospital até 2012 ou até o óbito. Destes, 32 (22,9%) recidivaram, resultando em 19 óbitos com 84,2% por progressão do Rb. Uma segunda neoplasia primária esteve presente em 4,3% (N=6) e dentre esses, um paciente teve uma terceira neoplasia primária. O tempo de seguimento médio foi 323,2 meses [300,3; 346,1]. As sobrevidas nos diferentes subgrupos foram as seguintes: sobrevida global 86,4%; no não metastático 92,0%; no metastático 40,0%; entre os intraoculares 94,0%; entre os extraoculares 68,5%; entre os unilaterais e bilaterais ambos com cerca de 88,0%; entre os trilaterais (N=3) todos foram a óbito; entre os unilaterais intraoculares 94,9% e extraoculares 75,0% e entre os bilaterais intraoculares 94,5% e extraoculares 68,4%. No nosso meio, o diagnóstico de Rb ainda é feito predominantemente em estadios avançados o que reduz a sobrevida dos pacientes e o índice de preservação do olho e da visão, além de aumentar a intensidade dos tratamentos realizados e consequentemente, toxicidade e efeitos tardios destes. Avaliações clínicas e oftalmológicas periódicas nos primeiros anos de vida da criança oferecem maior oportunidade de um diagnóstico precoce e o encaminhamento rápido à um Centro de Referência multidisciplinar que contemple cuidados terciários em Oftalmologia e Oncologia Pediátrica é fundamental. Existe grande necessidade de investimentos regionais que facilitem o acesso ao diagnóstico e tratamento do Rb, o tumor ocular mais frequente na infância.