Estudo sobre a dimensão cognitiva das construções de comparação no português do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Tota, Felippe de Oliveira
Orientador(a): Siqueira, Maity Simone Guerreiro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/278286
Resumo: Esta tese aborda a complexidade de descrever as manifestações da comparação no Português do Brasil (PB), uma vez que são muitas as possibilidades de materializá-la linguisticamente. Isto posto, a pesquisa defende que, para além do(s) uso(s) linguístico(s) canônico(s), a comparação advém de um esquema cognitivo mais amplo, desdobrando-se em uma rede cognitiva, com construções interligadas por nódulos que se estenderiam do nível sintático ao nível discursivo. Mais especificamente, a investigação lança a hipótese de que a comparação não se realiza apenas por suas estruturas gramaticais listadas canonicamente, mas congrega dimensões sintáticas, semânticas, discursivo-pragmáticas e imagéticas. A fim de ratificar a hipótese aventada, este trabalho cumpre o objetivo de delinear uma rede cognitiva para as construções potencialmente comparativas no PB, orientando-se substancialmente pelos contributos da Linguística Cognitiva e da Gramática de Construções Baseada no Uso (GCBU). Langacker (1987), Goldberg (1995, 2006), Croft (2001), Hilpert (2014), Diessel (2019) e Hoffmann (2022) são alguns dos teóricos fundamentais à orientação metodológica desta pesquisa, dividida em duas etapas de observação empírica: (i) coleta, quantificação e descrição de enunciados potencialmente comparativos, extraídos de textos autênticos; e (ii) construção e aplicação de duas tarefas psicolinguísticas, uma de produção e outra de compreensão. Na etapa (i), recorre-se aos procedimentos comuns à Linguística de Corpus, com o objetivo de coletar dados que sejam suficientemente representativos da língua em uso. Já a etapa II verifica as propriedades inerentes às construções potencialmente comparativas, bem como afere a realidade psicológica daquelas que não são, pela Gramática Tradicional (GT), categorizadas como formas de comparar. Na compilação entre os resultados da análise empírica, verificou-se que (i) a comparação é frequentemente expressa por meio de estruturas comparativas menos convencionais, afastando-se do protótipo; (ii) o grau não é necessariamente enfatizado ao expressar similitude e exemplificação; (iii) quando a comparação é veiculada por um conector de cláusulas, as estruturas são mais compreendidas pelos usuários; (iv) conectores que não são categorizados pela tradição como comparativos — a conjunção enquanto, por exemplo — podem exprimir comparação; e (v) estruturas introduzidas por alguns verbos epistêmicos — pensar, imaginar, supor — orientam relações de comparação em nível discursivo-pragmático. Notar essas e outras propriedades tornou possível oferecer uma tipologia para algumas das construções linguísticas de comparação no PB e propor, com base e no estado da arte e na observação empírica, as redes construcionais.