O testemunho e suas formas : historiografia, literatura, documentário (Brasil, 1964-2017)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Vargas, Mariluci Cardoso de
Orientador(a): Wasserman, Claudia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/183235
Resumo: A tese O testemunho e suas formas: historiografia, literatura, documentário (Brasil, 1964-2017) tem por objetivo compreender as formas de expressão do testemunho da resistência à ditadura civil-militar brasileira e, especialmente, de descendentes imediatos da geração que enfrentou o autoritarismo. A pesquisa percorre a literatura elaborada em primeira pessoa e a filmografia que utiliza o testemunho como figura central ou coadjuvante. O panorama destaca os relatos em torno de trajetórias dos que se opuseram ao regime, os quais incluem os registros de filhas(os) acerca de suas lembranças ou do que lhes fora contado sobre as experiências de seus pais. No entendimento de que o cinema é um dos vetores da lembrança que compõe a memória pública sobre as ditaduras do Cone Sul, a análise proposta por essa pesquisa emerge dos filmes Diário de uma Busca (2010) e Os dias com ele (2013), roteirizados e dirigidos, respectivamente, pelas cineastas Flávia Castro e Maria Clara Escobar, filhas de atingidos pela repressão ditatorial. Os conteúdos abordados pelos longas-metragens trazem à luz questões de ordem teórica e metodológica em torno do testemunho articulado em documentários e as (im)possibilidades de retratar essas experiências. As análises serão orientadas pela tríade proposta por Michel de Certeau (1974) acerca da operação historiográfica, retomada por Paul Ricoeur (2000), nas suas reflexões sobre a epistemologia da história e por Sylvie Lindeperg (1996) em investigações sobre filmes, para os quais propõe uma operação cinematográfica. Na primeira parte, o enfoque está na configuração do testemunho para a historiografia após a Shoah e sua referência para os estudos dirigidos às ditaduras. Desse modo, proponho que no Brasil após o golpe de 1964, as declarações testemunhais foram originadas em diferentes condições, que caracterizo como voluntária, obrigada, convocada e induzida por um dever de justiça. Por fim, apresento o testemunho sobrevivente na literatura e no cinema desde o golpe civil-militar até 2017. Na segunda parte, centralizo as discussões nos filmes selecionados e abordo o percurso testemunhal provocado pelos protagonistas de Os dias com ele em que apontam o fragmentário retrato da tortura. Além disso, identifico as tensões entre as narrativas testemunhais em Diário de uma busca e o itinerário sobre as lacunas que permeiam a trama. No intuito de desenvolver as problemáticas elencadas, foram cotejados, além dos filmes selecionados, entrevistas cedidas pelas cineastas à autora desta tese, notícias e reportagens veiculadas pela imprensa, documentos elaborados pelos órgãos de repressão da ditadura civil-militar brasileira, relatórios ou acervos dos projetos estatais de memória e reparação. Destaco que a conjunção de lembranças que conferem forma ao testemunho sobrevivente, aportada nas narrativas originadas em condições voluntárias, permite a circularidade da experiência individual, bem como de suas marcas subjetivas, para o vivido partilhado socialmente.O tema familiar que reside, invariavelmente, na perspectiva filial irrompe nas imagens dos documentários, os quais propõem uma quebra dos silêncios históricos, pessoais e infinitos para si e para o país. Assim, os testemunhos dos descendentes daquela oposição ao inscreverem seus enfrentamentos em favor do inaudito contribuem, igualmente, para uma forma de representação da história.