Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Almeida, Maria Liz Benitez |
Orientador(a): |
Altenhofen, Cleo Vilson |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/254711
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Resumo: |
O presente estudo tem como objetivo descrever o processo de hispanização do guarani, em contato com o espanhol, tomando por base um corpus de 54 cartas escritas por indígenas em Reduções Jesuíticas do Paraguai, no final do séc. XVIII e início do séc. XIX, mais precisamente entre os anos 1768 e 1831. A partir da análise de empréstimos e alternâncias de código contidas nesses manuscritos, o estudo busca identificar como se projeta essa hispanização ao longo do período, quais suas motivações (intra e extralinguísticas) e o que revelam sobre o contato linguístico guarani-espanhol. Para tanto, toma-se em consideração diferenças linguísticas e culturais, bem como processos de integração ao sistema do guarani, em posições e em classes gramaticais de um lado mais resistentes e, de outro, mais vulneráveis à hispanização. Trata-se, portanto, de uma pesquisa de cunho diacrônico, pautada na análise de documentos escritos, que tem por foco o contato da língua autóctone guarani com a língua de colonização, o espanhol, no contexto das Reduções Jesuíticas no Paraguai. A metodologia empregada segue uma análise de cunho quantitativo-interpretativo, complementada por análise qualitativa. Os empréstimos linguísticos constituem, nesse particular, elementos incorporados ao sistema e, portanto, de uso recorrente e coletivo (langue) (APPEL e MUYSKEN, 1996, p. 182). A eles somam-se fenômenos de ordem individual e idiossincrática, portanto, do âmbito do uso situacional da língua (parole), que dependem da competência linguística do falante na outra língua (Ibid., p. 182). O tipo de empréstimo priorizado nesta tese equivale ao que se denomina empréstimo de material linguístico (MAT), em contraposição ao empréstimo de padrão linguístico (PAT) (MATRAS; SAKEL, 2007). Nesse sentido, o estudo constatou, entre o período inicial (1768/1769), época da expulsão dos jesuítas das reduções no Paraguai, até os anos de 1831, um crescimento significativo da incorporação de material linguístico do espanhol no guarani, não apenas em termos de empréstimos lexicais e gramaticais, como também de alternâncias de código que refletem um avanço da presença social do espanhol, na oralidade, e o consequente aumento da competência bilíngue. Dentre os empréstimos lexicais, a pesquisa confirmou tendências já observadas em outros estudos (THUN, 2006; GÓMEZ-RENDÓN, 2008; KALLFELL, 2010; CERNO, 2011) e que apontam a primazia do empréstimo de substantivos, seguindo a sequência de verbos > advérbios > adjetivos. Dentre os empréstimos gramaticais, a ordem hierárquica em termos de recorrência incidiu especialmente em conjunções e, na ordem, em grau menor, preposições > pronomes indefinidos > conectores discursivos. A ocorrência de empréstimos lexicais e gramaticais confirma o modelo previsto por Thomason (2001) para situações de contato. Assim, nas primeiras três fases (1768-69, 1770, 1780), as classes atingidas localizam-se exclusivamente no nível lexical, com exceção da última fase, que começa a apresentar empréstimos gramaticais. No entanto, essa predominância do empréstimo lexical sugere que, nessas primeiras décadas, o contato com o espanhol era ainda casual. Nas últimas três fases (1790, 1800, 1810), ingressam já com maior frequência também empréstimos gramaticais, o que pressupõe o aumento do contato com a língua espanhola e, por consequência, da competência linguística em espanhol. Esse aumento da competência linguística em espanhol nas últimas três fases encontra respaldo no crescente emprego de alternâncias de código nesse período. Por fim, o estudo também dedica uma atenção especial aos processos de adaptação fonética observados ao longo do corpus, assim como dos principais campos semânticos atingidos. |