Mustelídeos neotropicais : das moléculas à conservação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Almeida, Lana Resende de
Orientador(a): Pereira, Maria João Veloso da Costa Ramos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/245933
Resumo: Ações antrópicas têm causado a degradação ambiental, a perturbação dos ecossistemas e o crescimento de ameaças à biodiversidade planetária. Mamíferos têm sido amplamente afetados não só pela perda de habitats, mas também diretamente pela caça e a disseminação de zoonoses. Os mustelídeos – mamíferos da Ordem Carnívora - possuem particular relevância para a conservação da biodiversidade por ocuparem diferentes níveis tróficos e habitarem em uma variedade de habitats. No entanto, pouco se sabe sobre a ecologia de espécies neotropicais e suas respostas frente a distúrbios antrópicos. Nesta Tese, questões de ecologia química e ecologia de populações de espécies de mustelídeos neotropicais foram investigadas, visando desvendar aspectos biológicos relevantes para conservação das espécies e avaliar metodologias de monitoramento de suas populações. Além disso, iniciativas de popularização da Ciência para subsidiar a conservação do grupo foram desenvolvidas. Em âmbito da ecologia química, a partir de amostras fecais oriundas de animais de cativeiro a diversidade de compostos químicos que frequentemente estão relacionados com a fisiologia, a reprodução e a comunicação dos mustelídeos, foi descrita para Galictis cuja, Galictis vittata, Eira barbara, Lontra longicaudis e Pteronura brasiliensis. Diferenças interespecíficas nos perfis químicos foram detectadas, revelando o potencial da metodologia desenvolvida para discriminação taxonômica. Variações químicas mais sutis parecem ser associadas a mudanças ambientais e contaminação nos perfis químicos de L. longicaudis oriundos de amostras fecais coletadas em cursos d’águas de duas diferentes bacias hidrográficas do sul do Brasil – a Bacia do Rio dos Sinos e do Rio Camisas. Ademais, através de armadilhagem fotográfica em cinco áreas no limite sul da Mata Atlântica, os padrões espaciotemporais das populações de E. barbara e G. cuja foram investigados, entre os anos de 2017 e 2019. Os resultados apontam para uma plasticidade ambiental na ocupação de diferentes paisagens pelas duas espécies. Entretanto, os padrões de atividade de E. barbara encontrados foram mais crepusculares que diurnos em regiões com grande densidade humana revelando um possível ajuste à atividade humana de modo a reduzir encontros. A atividade de G. cuja parece responder à presença de predadores do que a distúrbios antrópicos. A experiência de divulgação cientifica deste projeto alcançou mais de 500 pessoas dentre cientistas e não-cientistas sendo também uma promissora conexão com outros projetos e pesquisadores que investigam os mustelídeos. O conhecimento técnico científico adquirido nesse projeto foi sistematizado e simplificado em um relatório técnico de linguagem acessível. Este relatório está disponível para gestores e tomadores de decisão da área ambiental, servindo como base futura para novas iniciativas de conservação e manejo das espécies de mustelídeos que ocorrem no sul da Mata Atlântica. No futuro, estudos de ecologia química poderão revelar compostos intimamente associados à comunicação dos mustelídeos. Para além disso, outras variáveis biológicas como interações com outras espécies e a fisiologia devem ser considerados para explicar os padrões espaciotemporais dos mustelídeos em ambientes antropizados, no sentido de contribuir, de forma mais abrangente, para a definição de medidas para a conservação do grupo.