Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Pilotti, Stephanie |
Orientador(a): |
Xavier, Ricardo Machado,
Caumo, Wolnei |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Palavras-chave em Inglês: |
|
Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/271284
|
Resumo: |
A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória, crônica, autoimune, sistêmica e progressiva que acomete o tecido sinovial de diversas articulações, bem como, diversos sistemas do corpo. A dor é um dos sintomas mais debilitantes nos pacientes com AR, há evidências de que, mesmo com tratamento adequado e sem sinais de inflamação, muitos pacientes persistem com quadro de dor crônica. Nesse sentido, o conceito de sensibilização central (SC) tem sido foco de discussão, o fenômeno de SC parece ser decorrente de amplificação e facilitação dos sinais neurais que vão do SNP para o SNC, envolvendo alterações no limiar da sensibilidade caracterizado por hiperalgesia e alodinia, mesmo na ausência da doença periférica ou estímulos nociceptivos A estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) é uma técnica de estimulação neural não invasiva. Com efeitos adversos mínimos e de fácil aplicação, a técnica modula o potencial de membrana dos neurônios do córtex cerebral e a atividade em regiões cerebrais específicas. A ETCC já é utilizada em outros tipos de dores crônicas. Sendo assim, a ETCC, uma técnica que atua em mecanismos centrais de dor, surge como um método terapêutico promissor para a dor sem inflamação nos pacientes com AR. Objetivo: Avaliar a segurança e eficácia da estimulação transcraniana por corrente contínua nos níveis de dor em pacientes com AR com baixa inflamação. Métodos: O presente estudo piloto realizado para estimar a viabilidade da execução e cálculo de tamanho amostral para um futuro ensaio clínico nesta população, visto que, não foram encontrados estudos semelhantes na literatura. Foram incluídas 16 mulheres diagnosticadas com AR com idade entre 18 e 70 anos, apresentando baixo estado inflamatório clínico (DAS-28 ≤2,7; proteína C-reativa (PCR) ≤10; velocidade de sedimentação de globular (VSG) ≤20) e dor crônica (EVA-dor > 4 cm). As pacientes foram randomizadas igualmente em dois grupos: ativo (A-ETCC) e sham (S-ETCC). As sessões de ETCC aconteceram de forma domiciliar seguindo o protocolo de: 20 sessões com intensidade de 2 mA e duração de 20 minutos feitas de segunda-feira a sexta-feira. As avaliações foram: Dados sobre as condições clínicas gerais de saúde pelo prontuário eletrônico; dor pela escala visual analógica (EVA, cm), escala de perfil de dor crônica (B-PCP:S), catastrofização da dor (B-PCS), limiar de dor pela algometria (PPT), atividade da doença (DAS28-CRP), sensibilização central (CSI), função física (HAQ-DI), fadiga (FACIT-F), depressão (BDI), qualidade do sono (PSQI) e efeitos adversos. Resultados: No baseline, a média de idade foi de 56.0±10.0 anos no A-ETCC grupo ativo e 57.0±7.0 anos no S-ETCC (p>0,05). A mediana (IQR) da duração da doença foi de 12.50 (4.5 - 25.7) anos no A-ETCC e 11.00 (6.0 - 17.0) anos no S-ETCC (p>0.05). A mediana (IQR) de PCR foi de 5.95 (2.0 - 10.0) mg/L no A-ETCC e 2.50 (1.2 - 5.7) mg/L no S-ETCC. A mediana (IQR) da taxa de VSG foi de 18.00 (15.0 - 20.0) mm/h no A-ETCC e 17.50 (8.5 - 20.0) mm/h no S-ETCC. A atividade da doença, medida pelo DAS-28, foi considerada baixa em ambos os grupos (DAS-28 ≤2.7). Após 4 semanas de intervenção, o grupo A-ETCC apresentou média de dor de 2.88±2.1 cm, demonstrando uma diminuição de 4.25 cm pela escala EVA-dor, enquanto o grupo S-ETCC mostrou média de dor de 5.13± 1.8, 6 demonstrando uma diminuição de 1.25 cm, com diferença estatisticamente significativa para o grupo A-ETCC (p=0.003). Após o tratamento, a sensibilização central (CSI) apresentou média de 23.75±8.86 pontos para o grupo A-ETCC. Da mesma forma, o grupo de S-ETCC apresentou média de 32.00±13.33 pontos, ambos os grupos passaram de sensibilização severa para um escore subclínico, sem diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Segundo o HAQ-DI, as pacientes do grupo A-ETCC apresentaram média de 1.00±0.42 e 1.19±0.68 para o grupo S-ETCC, sem diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Na avaliação de fadiga pelo FACIT-F o grupo A-ETCC apresentou média de 7.25±3.91 pontos, já o grupo S-ETCC apresentou 8.87±4.49, sem diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Ambos os grupos apresentaram melhora no perfil de dor crônica (B-PCP:S), nos pensamentos catastróficos relacionados à dor (B-PCS), nos parâmetros depressivos (BDI) e aspectos relacionados à qualidade do sono (PSQI), sem diferença estatística entre os grupos. Não foram encontradas diferenças no limiar de dor pela algometria (PPT). Foram observados apenas efeitos adversos leves que não perduraram após o fim das sessões. Além disso, as pacientes apresentaram mais de 93% de adesão ao tratamento domiciliar. Conclusão: Esse estudo com desenho adaptativo demonstra que ETCC pode ser eficiente e segura para diminuir os parâmetros de dor crônica em pacientes com AR sem atividade inflamatória clínica. A partir dos resultados encontrados neste estudo com desenho adaptativo estimamos um tamanho amostral de 34 pacientes para um ensaio clínico randomizado com comprovação robusta da eficácia da ETCC na melhora dos parâmetros de dor crônica em pacientes com AR sintomática sem evidência clínica de atividade inflamatória. Além disso, a reavaliação contínua desses pacientes se torna essencial para entender a duração do efeito ativo e sham ao longo do tempo. |