Das festas de classe às kizombas : a cultura e a construção das identidades negras em São João do Piauí (1920-2018)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Brito, Thiago Oliveira da Silva
Orientador(a): Weber, Regina
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/262303
Resumo: O presente trabalho analisa a relação entre as prática culturais e construção das identidades negras em São João do Piauí, tomando como objeto de estudo três processos distintos: a realização de festas dançantes pelos negros impedidos de frequentar as festas promovidas pelos brancos, entre 1920 e 1980; o processo de identificação da comunidade de Riacho dos Negros como comunidade remanescente de quilombo, entre 2007 e 2010; e a criação e consolidação do grupo Capoeira de Quilombo,de 2005 a 2018. Ao investigar estes três momentos distintos da história da cidade, mesmo reconhecendo que cada um deles representa um processo em si mesmo, não necessariamente implicando relações de causa e efeito com os demais, buscou-se perceber como os homens e mulheres negras sanjoanenses se valeram da cultura para construir identidades que serviram como resistência aos contextos de segregação e exclusão ao qual eram submetidos. Utilizamos fontes diversas para cada análise. Lancei mão de diversos depoimentos de história oral, de documentos referentes à história de Pompílio José da Silva e da União Operária Sanjoanense por ele criada, de documentos produzidos pelo INCRA durante a delimitação legal do quilombo de Riacho dos Negros e relatórios antropológicos elaborados pela empresa Zanetinni Arqueologia a respeito da Capoeira de Quilombo, do Batuque e dos Terreiros de São João do Piauí.Para dar conta da problematização de objetos tão plurais, adotei também um referencial teórico diversificado, com destaque para as noções de identidade, mais especificamente identidade étnica. Também lancei mão de estudos sobre comunidades tradicionais e as neocomunidades, sobre as educações escolar e social na formação da identidade racial dos jovens dos quilombos de São João do Piauí. Ao final do trabalho, chegou-se à conclusão que o cotidiano de intensa segregação racial vivenciado pelos negros em São João do Piauí contribuiu para a elaboração de alternativas de resistência fortemente fundamentadas na cultura, que, sobretudo nos processos mais recentes, foram influenciados por agentes externos mas que contaram com o protagonismo dos próprios negros e negras sanjoanenses que encontraram nos bailes “de segunda”, na ancestralidade quilombola associada à Ancelmo Rodrigues e nas práticas culturais como a capoeira e o batuque elementos de auto afirmação e valorização de suas identidades negras.