Nas fronteiras da filosofia: por uma filosofia da experiência política em Hannah Arendt

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Monti, Gil Moraes
Orientador(a): Pertille, José Pinheiro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/249879
Resumo: A presente tese tem como base demonstrar como uma série de dicotomias e ambiguidades presentes na obra de Hannah Arendt não representam nenhuma falha epistemológica ou contradição em sua obra. O que de fato esses elementos sintetizam é uma forma de Arendt se inserir e debater com uma tradição político-filosófica que a antecede e ao mesmo tempo propor uma perspectiva que tenha a capacidade de absorver as contradições que a própria experiência política produz em seu modo de vida. Essas questões serão desenvolvidas a partir da ideia de uma filosofia da experiência política. O que essa perspectiva evidencia é como a política deve ser pensada a partir de um “quem” que experencia esse espaço e não de um o “que” seja a política. O que está no centro dessa perspectiva e estabelece essa ponte entre a política e a filosofia é essa atividade que aproxima a atividade filosófica do mundo vivido e a política de algo que não se restringe a mera presença no mundo, mas tem a capacidade de gerar o significado necessário para o viver. O caminho que será proposto tem como início ressaltar o caráter produtivo desses aspectos supostamente controversos e ambíguos e como isso representa uma das essências de sua perspectiva política, não obstante, a partir da explicitação desses elementos evidenciar como a tese não se propõe a resolver supostos problemas da teoria arendtiana, mas ressaltar como uma das essências da sua perspectiva política está assentada em uma relação que é estabelecida entre o sujeito e o mundo. Há um eixo autores, os quais Arendt dialoga, e que constituem o núcleo de debate proposto na tese: Sócrates, W. Benjamin e I. Kant. A partir desses autores que a noção de experiência política é interpretada como uma ponte de resolução para as dicotomias. O capítulo destinado a Sócrates procura investigar a dimensão pública do filosofar e o impacto que o evento do julgamento causou na tradição do pensamento filosófico. O segmento destinado a Benjamin explora a sua crítica a noção de história e como que é por meio da experiência que o sujeito se torna capaz de elaborar, narrar e compartilhar sua vida. O terceiro capítulo resgata elementos da interpretação de Arendt da estética kantiana com o intuito de destacar o caráter representativo e comum que o pensamento adota na formulação de seus juízos. Apesar da abordagem proposta ter uma orientação crítica dos modelos tradicionais, o objetivo não refutar uma leitura em vista de substitui-la, mas ampliar as possiblidades de percepção da política incorporando novos modelos. Nesse sentido, pensar a perspectiva arendtiana por meio de uma filosofia da experiência política tem como objetivo ressaltar como a política se realiza por meio das descontinuidades e imprevisibilidades presentes no agir humano. Tal abordagem, além de colocar em diálogo as dimensões de mundo vivido e mundo pensando revela como a perspectiva arendtiana não se expressa como um modelo a ser seguido, mas em uma atividade capaz de interpretar as contradições que a vida política produz e também introduzir um princípio de novidade inerente as relações humanas.