Câncer hereditário associado aos genes TP53, BRCA1 e BRCA2 : análises genômicas, funcionais e clínicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Macedo, Gabriel de Souza
Orientador(a): Prolla, Patrícia Ashton
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/210008
Resumo: Aspectos genômicos, funcionais e clínicos de síndromes de predisposição hereditária ao câncer associadas aos genes TP53, BRCA1 e BRCA2 foram abordados nesta tese. No contexto do gene TP53, em que mutações germinativas causam Síndrome de Li-Fraumeni (SLF), nosso objetivo principal foi estudar as consequências funcionais e clínicas de algumas mutações encontradas em famílias brasileiras, especialmente a mutação fundadora R337H. Nossos resultados demostram que células normais (fibroblastos) de indivíduos portadores de mutações em TP53 caracterizam-se por alterações redox, com altos níveis de espécies reativas de oxigênio (ERO) associados a um processo persistente de reparo de DNA, provavelmente devido a um aumento do dano oxidativo. Também foi observada alta atividade no reparo de sítios apurínicos e apirimidínicos (sítios abásicos), um tipo de dano de DNA causado, principalmente, por ERO. Devido a bem estabelecida relação entre estresse oxidativo e inflamação, 28 marcadores inflamatórios, incluindo citocinas, quimiocinas e fatores de crescimento, foram dosados em plasma de indivíduos portadores da mutação R337H e controles. Um aumento significativo na dosagem de IL-12, bem como uma tendência de maiores níveis de IL-8, IL-17 e IFN-y foram encontrados no grupo R337H, sugerindo atividade inflamatória. A fim de verificar o impacto de substâncias antioxidantes sobre o fenótipo bioquímico de estresse oxidativo, indivíduos portadores da mutação R337H e controles foram suplementados com N-acetilcisteína, Idebenona e Coenzima Q10, e parâmetros oxidativos foram avaliados antes e após o período de suplementação (14 dias). Nossos resultados apontam para um efeito da Coenzima Q10 e Idebenona na correção bioquímica de estresse oxidativo, visto que a suplementação com ambas substâncias foi capaz de diminuir os níveis de lipoperoxidação lipídica. Além dos estudos funcionais e clínicos acerca da mutação R337H, análises moleculares relacionadas ao papel de genes modificadores de fenótipo e de uma nova variante associada a SLF foram realizadas. Observamos que 7/129 (5.4%) indivíduos com fenótipo clínico de SLF/LFL e negativos para mutações em regiões codificantes de TP53 são portadores de uma nova variante germinativa rara, rs78378222[C]. Achados adicionais relacionados a conservação evolutiva e impacto funcional desta 10 variante, tanto em fibroblastos quanto em tumores, confirmam sua patogenicidade e apontam para um mecanismo de haploinsuficiência de p53. Além disso, também foi observado a contribuição de um polimorfismo na região promotora do gene MDM2 (SNP309) na idade do primeiro diagnóstico de câncer em portadores da mutação R337H. Já em relação ao conjunto de resultados relacionados à BRCA1 e BRCA2 apresentados nesta tese, 39 tumores de mama de pacientes com mutações germinativas nos genes BRCA1 (n=29) e BRCA2 (n=10) foram sequenciados no intuito de identificar o perfil de variação no número de cópias de DNA e mutações somáticas. A partir do sequenciamento massivo e paralelo foi possível concluir que a grande maioria destes tumores apresenta perda do alelo selvagem de BRCA1 ou BRCA2, sendo que este parece ser um evento inicial na carcinogênese da maioria destas neoplasias. Além disso, mutações clonais em TP53 foram observadas em uma parcela significativa dos casos, sendo estas, provavelmente, anteriores a perda do alelo selvagem de BRCA1/2. A identificação de tumores que preservam o alelo selvagem de BRCA1 ou BRCA2, ou ainda que perdem este de maneira subclonal, levanta questões sobre o impacto de novas drogas que apresentam como alvo terapêutico os mecanismos de recombinação homóloga.