Caracterização de alterações moleculares em tumores do pâncreas e região periampular

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Cleandra Gregório
Orientador(a): Prolla, Patrícia Ashton
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/212066
Resumo: A ampola de Vater é uma área de convergência do ducto biliar comum, do ducto pancreático e do duodeno. A região periampular dista em torno de 2cm da ampola de Vater e neoplasias que se originam nesta região são denominadas carcinomas periampulares (CPs). Os CPs incluem quatro grupos tumorais originados da cabeça do pâncreas, da ampola de Vater, ducto biliar distal ou do duodeno e correspondem a 0,5% de todas as neoplasias digestivas. Tumores originados no pâncreas são mais frequentes entre os CPs e estes têm as maiores taxas de mortalidade sendo representados majoritariamente pelo adenocarcinoma ductal pancreático (ADP), subtipo histológico mais frequente e agressivo. Tumores mais raros como os outros CPs também apresentam altas taxas de mortalidade, mas são menos estudados quanto às suas alterações genéticas e epigenéticas, biologia tumoral e influência de fatores genéticos no prognóstico. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi realizar uma caracterização molecular do adenocarcinoma ductal pancreático e de tumores periampulares com o objetivo de contribuir para melhor compreensão do processo de carcinogênese e identificar marcadores prognósticos relacionados a esses tumores. Inicialmente, avaliamos o perfil de metilação do DNA no ADP em busca de potenciais alvos terapêuticos nas vias moleculares associadas à carcinogênese. Verificamos que o ADP apresenta genes diferencialmente metilados em relação ao tecido normal adjacente e identificamos diversos genes da via de sinalização do cálcio diferencialmente metilados, e muitos destes são compartilhados com outras vias-chave da carcinogênese pancreática, como as vias Ras e Hippo. Os genes ADCY8, CACNA1A, CACNA1B, CACNA1H, e RYR3, que controlam o influxo de Ca+2 da membrana plasmática no retículo endoplasmático rugoso, estavam mais frequentemente hipermetilados e, mediante análise in silico de dados do TCGA, observamos que a redução da expressão desses genes se mostrou associada à redução da sobrevida global nos pacientes. Este achado é relevante, pois pode indicar potenciais marcadores prognósticos e alvos terapêuticos para casos selecionados de ADP. Adicionalmente, os resultados obtidos nesta tese indicam que a via de sinalização 13 do cálcio parece ter um papel importante desde as etapas muito iniciais da carcinogênese pancreática. Quanto aos outros CPs, pouco se sabe a respeito da modulação epigenética regulada pelas desacetilases de histonas (HDACs). Assim, caracterizamos o perfil de expressão das HDAC1, HDAC2, HDAC3 e HDAC7 nestas neoplasias, bem como investigamos o possível papel das mesmas no desenvolvimento dos carcinomas de ampola de Vater (CAVs). Utilizamos bancos de dados de expressão para avaliar o perfil das HDACs e segundo nosso conhecimento, este foi o primeiro estudo a avaliar a sua expressão no adenocarcinoma duodenal. Os CAVs e os adenocarcinomas duodenais apresentaram um perfil de expressão semelhante paras HDAC1 e HDAC2. Esse trabalho ainda avaliou, pela primeira vez, a expressão proteica das HDACs em amostras de adenocarcinoma de ampola de Vater (o subtipo histológico mais frequente) e tecidos normais adjacentes (pancreático, ampular e duodenal). Encontramos um perfil de expressão semelhante entre todos os tecidos, sugerindo que estas HDACs não estão diretamente envolvidas na carcinogênese do CAVs, embora possam ter um papel auxíliando o fenótipo tumoral, modulando genes envolvidos proliferação celular, regulação do ciclo celular e apoptose. Por fim, descrevemos um caso clínico atípico e mais grave de Neurofibromatose 1 com múltiplos tumores periampulares onde a presença de duas variantes germinativas patogênicas em genes distintos (NF1 e CFTR) relacionados a doenças pâncreáticas podem ter agido sinergicamente. Em especial, a variante germinativa patogênica do gene CFTR associada ao pâncreas divisum pode ter contribuído para a ocorrência de múltiplos tumores na paciente portadora de Neurofibromatose tipo 1. Este relato de caso reforça a importância de uma análise molecular mais abrangente, incluindo avaliação de múltiplos genes relacionados ao fenótipo em casos atípicos ou com fenótipo mais grave que o habitual. A informação obtida no estudo de caso será também muito relevante para os familiares do caso índice. Os resultados desta tese contribuem para o melhor entendimento do perfil genético e epigenético dos adenocarcinomas ductais pancreáticos e de carcinomas 14 periampulares. Os resultados também indicam importantes linhas de investigação para explorar novas vias de sinalização que possam trazer informações relevantes para o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas.