Avaliação da presença das complicações microvasculares do diabetes em pacientes com diabetes mellitus pós-transplante renal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Londero, Thizá Massaia
Orientador(a): Bauer, Andrea Carla
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/179031
Resumo: A ocorrência de hiperglicemia, transitória ou persistente, após um transplante de órgãos, é um evento bem documentado desde os primeiros transplantes realizados, na década de 60. Porém, só recentemente os critérios diagnósticos e a nomenclatura apropriada para esta condição foram definidos. O diabetes mellitus pós-transplante (DMPT) é a designação dada para a hiperglicemia persistente que ocorre após um transplante de órgão sólido ou hematopoiético em pacientes previamente não diabéticos. À medida que aumenta a sobrevida dos receptores e enxertos, fruto de melhor compreensão e manejo das complicações imunológicas e infecciosas pós-transplante, espera-se uma maior incidência do DMPT. O DMPT possui fatores de risco heterogêneos, sendo alguns deles específicos do período póstransplante (principalmente os imunossupressores - glicocorticoides e inibidores da calcineurina), e outros comuns àqueles do diabetes mellitus (DM) tipo 2, como síndrome metabólica, obesidade e idade avançada. Apesar do seu caráter crônico, ainda é escasso o conhecimento acerca do apropriado manejo em longo prazo e das complicações associadas ao DMPT. A hiperglicemia crônica desempenha papel fundamental na patogênese das complicações microvasculares do diabetes. Retinopatia diabética, neuropatia diabética e doença renal do diabetes incidem frequentemente em pacientes com DM tipos 1 e 2, dependendo da duração do diabetes e do controle glicêmico obtido. Portanto, a triagem dessas complicações é recomendada na ocasião do diagnóstico do DM tipo 2 e no quinto ano do diagnóstico do DM tipo 1, e após anualmente, para ambos. Apenas um estudo de base de dados populacional descreveu o comportamento das complicações microvasculares no DMPT, propondo que teriam uma instalação acelerada, quando comparado ao DM tipos 1 e 2. Considerando que a ocorrência das complicações microvasculares permanece incerta em pacientes com DMPT, este estudo avaliou a ocorrência de retinopatia diabética, doença renal do diabetes e/ou neuropatia diabética em pacientes com DMPT renal com mais de 5 anos de evolução. Mais de 60% dos pacientes com DMPT apresentaram triagem positiva para polineuropatia distal, sendo o risco dobrado a cada 1% de incremento na hemoglobina glicada (A1c). Mais de 40% dos pacientes com DMPT apresentaram dois ou mais reflexos cardiovasculares alterados, achados compatíveis com neuropatia autonômica, assim como a maioria dos pacientes sem DMPT. Após tempo aproximado de 8 anos de diabetes, não se observou retinopatia diabética clínica por fotografia do fundo de olho. Entretanto, através de tomografia de coerência óptica, foram determinadas menores espessuras de segmentos das camadas internas da retina em pacientes com DMPT, comparados a pacientes transplantados renais não diabéticos, achado que pode sugerir 9 neuropatia diabética retiniana. Durante o primeiro ano e após 8,5 anos do transplante renal, a taxa de filtração glomerular e o índice proteinúria-creatininúria (IPC) foi semelhante entre pacientes com e sem DMPT. Este é o primeiro estudo a avaliar de modo longitudinal as complicações microvasculares do DMPT renal. Os achados são relevantes por suscitarem que a instalação dessas complicações difere do esperado em pacientes diabéticos tipos 1 e 2. O DMPT é uma patologia singular, com fatores de risco e consequências próprios.