História evolutiva de uma espécie de passiflora da Mata Atlântica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Cazé, Ana Luíza Ramos
Orientador(a): Freitas, Loreta Brandão de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/256323
Resumo: A Mata Atlântica está entre um dos ecossistemas mais ricos em biodiversidade do mundo. Os processos históricos e evolutivos que levaram a esta enorme diversidade permanecem pouco entendidos até os dias de hoje, o que suscita muitos estudos sobre a fauna e flora da região na busca de hipóteses que expliquem tamanha riqueza. Nesse contexto, utilizando uma espécie de Passiflora endêmica da Mata Atlântica, cuja distribuição está restrita às bordas de mata em áreas ao nível do mar, o presente estudo teve como objetivo caracterizar os padrões de variabilidade genética da espécie, bem como testar duas hipóteses que buscam explicar as possíveis causas da diversidade encontrada na Mata Atlântica, a Teoria dos Refúgios e a Hipótese de Rios como barreiras. Foram realizadas análises filogeográficas, utilizando marcadores moleculares dos genomas plastidial e nuclear, com amostras coletadas ao longo de toda a distribuição geográfica da espécie. Os resultados obtidos demonstraram que as populações da espécie encontram-se bastante estruturadas em virtude de baixo fluxo gênico, sem sinal de expansão populacional recente e com indícios de isolamento por distância. As análises realizadas com o marcador nuclear obtiveram resultados mais informativos em relação ao marcador plastidial, tendo sido observado um padrão Norte- Sul de distribuição geográfica na espécie. Foram encontrados três filogrupos e sua separação coincidiu com a posição dos rios Jequitinhonha e Doce, corroborando a hipótese de rios como barreiras contra o fluxo gênico para esta espécie. Os maiores índices de diversidade genética foram encontrados na região central da Bahia, região esta já reportada como possível área de refugio durante as oscilações climáticas do Quaternário, e embora nossos resultados apontem para uma diversificação mais antiga da espécie, ocorrida no Terciário, às áreas de refugio podem ter sido importantes na manutenção e preservação da diversidade já existente durante as alterações climáticas mais recentes. Como estratégia de conservação da espécie que habita um ecossistema já bastante fragmentado, sugerimos que as áreas prioritárias sejam as que possuem a maior diversidade genética, considerando-se também a existência de três grupos de diversidade genética distintos, representados pelos filogrupos encontrados. Este trabalho ainda fez uma importante contribuição para o entendimento da classificação taxonômica da espécie, reabilitando sua divisão em duas entidades taxonômicas distintas.