Reconstituições digitais do encéfalo e da orelha interna de Brasilitherium riograndensis Bonaparte et al., 2003, e considerações sobre a evolução neurológica e sensorial na transição entre cinodontes não-mamalianos e mamíferos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Rodrigues, Pablo Gusmão
Orientador(a): Schultz, Cesar Leandro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/38542
Resumo: Reconstruções tridimensionais do crânio e moldes digitais do encéfalo e orelha interna (preenchimento da caixa craniana e as região ótica) de Brasilitherium riograndensis Bonaparte, Martinelli, Schultz & Rubert, 2003 (UFRGS-PV-1043-T), foram obtidas a partir de imagens de tomografias computadorizadas. São descritos os aspectos gerais da parede lateral, basicrânio e parte interna da caixa craniana, bem como a trajetória de alguns vasos cranianos. O promontório de Brasilitherium, embora menos inflado que em Morganucodon, mostra uma forma arredondada, diferente da faceta medial plana de Sinoconodon, sugerida como o padrão primitivo desta estrutura. Uma parede óssea formada pelo petrosal separa o canal coclear e o vestíbulo da cavidade cerebral, com um meato acústico interno apresentando forames distintos para o nervo facial (VII) e os ramos vestibular e coclear do nervo vestíbulococlear (VIII). O molde endocraniano de Brasilitherium apresenta bulbos olfatórios relativamente maiores do que os de outros cinodontes não-mammaliaformes, bem como hemisférios cerebrais alongados, claramente divididos por um sulco mediano, e provavelmente encobrindo o mesencéfalo. Os moldes dos paraflóculos, da hipófise e uma ampla abertura para o cavum epiptericum são proeminentes. O Quociente de Encefalização (EQ) calculado para Brasilitherium está acima dos EQs da maioria dos cinodontes não-mammaliaformes, embora possa ser similar aos de alguns destes, dependendo da equação utilizada para estimar sua massa. Na orelha interna, os canais semicirculares têm forma irregular, sendo o canal lateral, o menor, e o anterior, o maior, envolvendo o molde paraflocular. Na comparação com outros cinodontes mais intimamente relacionados aos mamíferos, Brasilitherium situa-se em uma seqüência de aumento gradual do canal coclear, o que pode representar um aumento na capacidade de ouvir altas freqüências. Comparando-se a relação alométrica entre o canal coclear e a massa corpórea estimada com os valores desta razão reportados para outros amniotas, Brasilitherium é agrupado a Yunnanodon e Morganucodon em uma linha de regressão que, como as aves atuais, situa-se abaixo da linha de mamíferos e acima da linha de répteis não-avianos. O aumento do canal coclear e do encéfalo (especialmente dos bulbos olfatórios) de Brasilitherium, em comparação a outros cinodontes não-mammaliaformes, suporta a proposição da evolução do cérebro dos mamíferos inicialmente associada a pressões seletivas para melhor acuidade sensorial, em pequenos e, possivelmente, noturnos, cinodontes do Mesozóico.