Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Souza, Guilherme Maltez |
Orientador(a): |
Santos, Luís Henrique Sacchi dos |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/282350
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Resumo: |
A transformação no tratamento público da maconha reflete mudanças significativas em suas representações sociais e destaca estratégias deliberadas para reposicioná la em um novo contexto. Ao longo do século XX, a maconha foi predominantemente associada ao proibicionismo, enquadrada como crime, desvio e doença. Contudo, a partir da segunda metade do século e, mais pronunciadamente, nos tempos recentes, observa-se um deslocamento da maconha para um terreno cada vez mais vinculado à esfera da saúde. Este novo cenário é caracterizado por discussões sobre qualidade de vida, bem-estar, uso regulamentado e normalização progressiva. A presente tese investiga a emergência do que denomino "pedagogia da cannabis", utilizando a perspectiva dos Estudos Culturais e a abordagem das pedagogias culturais. Esta pedagogia é endereçada a sujeitos preconcebidos, ao mesmo tempo que busca constituir um tipo específico de sujeito. Este sujeito, predominantemente influenciado pelo reconhecimento conferido à área médica, usufrui de um privilégio destacado no âmbito do saber científico. Os materiais analisados incluem produções veiculadas no contexto da pedagogia da cannabis, notavelmente a Campanha Repense, associações de pacientes, cursos e workshops, bem como outros materiais disseminados por meio de diversos canais, como veículos de comunicação, sites e empresas, e que constituem parte integrante de um mercado emergente gerador de biovalor. O conjunto desses materiais atua na forma de dispositivo pedagógico e objetiva produzir sujeitos sob a aura do saber médico científico. A análise sugere que este conjunto de estratégias, imbuído de caráter educativo e identificado como pedagogia da cannabis, vai ao encontro da grade de inteligibilidade característica do que Michel Foucault denominou racionalidade liberal. O trabalho propõe reflexões acerca das motivações subjacentes à formação de subjetividades orientadas por essa referida racionalidade. Além disso, há também a questão de saber se existem sujeitos excluídos do âmbito da pedagogia canábica. Ao explorar essas questões, a pesquisa pretende contribuir para uma compreensão mais aprofundada das dinâmicas sociais relacionadas à cannabis, considerando não apenas os discursos dominantes, mas também as implicações éticas e as relações de poder subjacentes a esse reposicionamento da substância na esfera pública. |