Resumo: |
Este estudo consiste numa reflexão acerca da identidade cultural no contexto contemporâneo, mais especificamente, da cultura brasileira teuto-gaúcha e da sua representação na literatura sul-rio-grandense contemporânea. Para tanto, realizou-se um levantamento de obras da literatura gaúcha mais recente que focalizam os imigrantes e descendentes alemães como personagens centrais da narrativa, dentre as quais se selecionou um corpus constituído pelos livros A asa esquerda do anjo (1981), de Lya Luft, e Valsa para Bruno Stein (1986), de Charles Kiefer. A partir da análise realizada, percebeu-se que a cultura teuto-gaúcha é representada através de uma ambigüidade marcante na vida dos protagonistas, oriunda do entre-lugar de sua condição intervalar, constituída pela herança cultural alemã e pela vivência no contexto brasileiro. De um modo geral, a presença da cultura teuto-gaúcha pode ser notada no emprego da língua alemã, na rigidez dos costumes e comportamentos familiares, no preconceito interétnico e de gênero, na culinária e na religião defendida e posteriormente abandonada (no caso de Bruno Stein). Desse modo, tornam-se evidentes as marcas da imigração germânica – iniciada a partir de 1824 – na literatura contemporânea produzida no Rio Grande do Sul. Tal cultura, traduzida pelos seus descendentes e integrada ao contexto brasileiro, deu origem à cultura híbrida teuto-gaúcha, própria do grupo em questão, cujos representantes ainda se fazem notar, conforme atestam os romances analisados. |
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