Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Dorneles, Dandara Rodrigues |
Orientador(a): |
Santos, Luís Henrique Sacchi dos |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Palavras-chave em Inglês: |
|
Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/237802
|
Resumo: |
Esta dissertação é fruto de uma pesquisa etnográfica, inspirada nas escrevivências de Conceição Evaristo, a partir da qual experienciei o "campo" (con)fundindo escrita/pesquisa e vivência junto à uma terreira cruzada no estado do Rio Grande do Sul. Ao acompanhar o circuito de preparação ritualística dos Barquinhos de Iemanjá (preparos afro-religiosos que têm como base barcos de papelão forrados de azul, com aproximadamente 40 centímetros, que portarão pentes, flores, brincos e comidas que serão ofertados no mar em homenagem à orixá a cada dia 02 de fevereiro), tem como objetivos: (a) descrever os fazeres afro-religiosos implicados durante a preparação; (b) registrar e analisar alguns dos saberes que são invocados e ensinados neste processo; (c) e justapor tais ensinamentos às críticas desferidas a partir de certa vertente de discurso ecológico, a qual vê os barquinhos e as demais "oferendas" como sujeira/poluição. Como resultado disso, argumento que os preparos, amplamente denominados de "oferendas" (dentre as quais se encontram os barquinhos), são composições complexas em termos de sentidos e magnitudes, e feitas de forma integrada através da observação dos iniciados (quando permitido), da oralidade (por vezes discreta), do fazer (comidas, vidas) e do saber (preceitos e fundamentos afro-brasileiros). Desta forma, parto do pressuposto de que o preparo dos barquinhos ensina acerca da importância da comunidade, da comida nos rituais, das "coisas de religião", da necessária "materialidade" nas "oferendas" (que não pode ser substituída por preces), entre outros aspectos que contribuem para uma educação desde um modo de existência afro-brasileiro que difere dos modelos ocidentais. Além disso, também pressuponho que algumas legislações e alguns discursos ecológicos contrários a esses preparos – alegando sujeira/poluição – envolvem ideais conservadores e colonialistas e, portanto, racistas. Assim, fazer Barquinhos de Iemanjá e realizar práticas ecológicas até certo ponto parecem dialogar, mas, em um dado momento, os ensinamentos afro-religiosos seguem suas próprias perspectivas e epistemologias. Na tensão entre distintos sistemas culturais envolvidos, um de bases civilizatórias ocidentais que preconiza práticas ecológicas e outro de matriz civilizatória africana que compõe o mundo dos terreiros, os ensinamentos aqui aprendidos nos indicam que a religiosidade afro-brasileira segue o seu próprio verbo que não é ecologizar, mas sim fazer. |