Insuficiência hepática aguda induz reatividade astrocitária, alterações bioenergéticas cerebrais e permeabilidade da barreira hematoencefálica em ratos : avaliação dos efeitos neuroprotetores da guanosina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Guazzelli, Pedro Arend
Orientador(a): Souza, Diogo Onofre Gomes de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/216267
Resumo: Introdução: Insuficiência Hepática Aguda (IHA) é uma síndrome rara, porém potencialmente fatal e que ocorre em pacientes vítimas de uma perda rápida e extensa da função hepática. Além diminuição da capacidade de síntese (clinicamente expressa como INR > 1.5), a IHA leva ao surgimento de Encefalopatia Hepática (EH). A EH consiste no surgimento de distúrbios neurológicos secundários ao acúmulo de toxinas no sangue e cérebro de pacientes com doença hepática. A fisiopatologia da EH é multifatorial, envolvendo o acúmulo de amônia, a excitotoxicidade glutamatérgica, as alterações de bioenergética cerebral, dano à barreira hematoencefálica (BHE), entre outros. A modulação do sistema glutamatérgico vem sendo testada com sucesso para o controle dos sintomas da EH, em especial com o uso da Guanosina (GUO). Objetivos: i) estudar os efeitos da EH no metabolismo energético cerebral e na BHE, com foco no metabolismo de aminoácidos e ii) testar os efeitos neuroprotetores da GUO em um modelo animal de IHA. Métodos: utilizou-se modelo animal de IHA induzida por hepatectomia subtotal (remoção de 92% da massa hepática). Em uma coorte de animais, amostras de líquido cefalorraquidiano (LCR) e córtex cerebral foram colhidos 24 horas após a cirurgia para ensaios bioquímicos. Em um segundo grupo, a administração de guanosina foi testada por via intraperitoneal (i.p.) por 60 horas após a cirurgia para avaliar o desempenho neurológico e, sobretudo, a mortalidade dos animais hepatectomizados. Resultados: animais com EH apresentaram diversas alterações bioenergéticas como i) aumento do consumo de oxigênio mitocondrial; ii) aumento da atividade enzimática do ciclo de Krebs e produção de ATP; iii) aumento da oxidação de glutamato; e iv) diminuição da oxidação de glicose e lactato. Paralelamente, aumento de parâmetros de estresse oxidativo e reação astrocitária difusa em imagens de imuno-histoquímica foram encontrados no córtex parietal de animais com IHA. Em relação à BHE, animais com EH apresentaram níveis elevados de albumina e de amino ácidos no LCR. O aumento de amino ácidos no LCR foi relacionado ao grau de declínio neurológico e se apresentou como um biomarcador para identificar animais com prognóstico desfavorável. A administração de GUO foi capaz reduzir a mortalidade e melhorar parâmetros neurológicos e comportamentais. A GUO também reduziu os níveis de albumina no LCR, aumentou a captação de glutamato pelos astrócitos e reverteu as alterações histológicas provocadas pela reatividade astrocitária. Discussão: animais com IHA apresentaram intensa resposta celular astrocitária com aumento de volume celular, alterações no metabolismo energético cerebral, aumento de estresse oxidativo e aumento de albumina e amino ácidos no LCR, sugestivos de danos à BHE. O uso de GUO foi capaz de reverter muitos dos parâmetros avaliados, além de trazer claro benefício na mortalidade dos animais tratados. Os resultados apresentados nesta tese esclarecem aspectos da fisiopatologia da EH e reforçam os potenciais efeitos neuroprotetores do uso da GUO no contexto da IHA.