O não-alçamento das vogais médias na fala de Curitiba sob a perspectiva da sociolinguística quantitativa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Limeira, Larissa Roberta
Orientador(a): Collischonn, Gisela
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/90177
Resumo: Este trabalho se propõe a estudar o comportamento das vogais médias /e/ e /o/, em pauta pretônica, postônica e nos clíticos, na fala de uma amostra dos habitantes de Curitiba, usando como base a teoria da sociolinguística quantitativa, desenvolvida por Labov. O fenômeno de alçamento das vogais médias é bastante estudado na variação linguística do português brasileiro e o interesse em investigar esse comportamento na cidade de Curitiba é justificado pelo baixo índice de aplicação da elevação nos informantes dessa cidade, observada em estudos como os de Vieira (2002 e 2009). Esses estudos mostram que em Curitiba, os falantes contrariam uma tendência de variação linguística identificada e categorizada nas demais cidades do Brasil. A reduzida aplicação da regra variável de elevação das vogais médias átonas postônicas na comunidade de fala de Curitiba, distingue-a das demais capitais da região sul e a aproxima de algumas cidades do interior do Rio Grande do Sul. No trabalho de Schwindt (1995), Curitiba também recebe destaque por apresentar valores diferenciados das demais capitais da região Sul do Brasil, em relação à harmonia vocálica. Acreditamos que esse comportamento esteja motivado por fatores sociolinguísticos daquela comunidade; nesse sentido, nossa análise observa fatores tais como escolaridade, sexo e/ou idade. O trabalho é uma análise separada do comportamento variável das vogais médias em três contextos distintos: na posição pretônica (pedido, entende, moinho, domingo, expresso, etc...); nos clíticos (que, se, do, com); e na posição postônica (porque, vinte, exatamente, sabe, quanto, mendigo, expresso, exato). Diferentemente de outras análises do comportamento variável das vogais médias, a nossa análise foca a não elevação das vogais médias em contextos em que a elevação poderia ser esperada. Para essa pesquisa foram levantadas todas as ocorrências de vogais médias de 12 informantes do banco do projeto VARSUL (Variação Linguística Urbana na Região Sul do Brasil). Para que fosse construída uma amostragem equilibrada, que permitisse investigar a influência das variáveis sociais no comportamento linguístico, privilegiou-se a seleção de igual número de informantes, no que concerne à categorização por sexo e faixa etária, porém, quanto ao fator escolaridade, a amostra contém uma pequena diferença de números de informantes no ensino fundamental e no ensino médio. A análise baseia-se nos pressupostos teóricos e metodológicos da Teoria da Variação, modelo teórico também conhecido por Sociolinguística Quantitativa, desenvolvido por Labov e colaboradores, que postula a sistematicidade dos fenômenos variáveis bem como a existência de uma relação entre as variantes linguísticas e a comunidade de fala. Baseado em resultados de levantamentos anteriores, este trabalho analisou, de forma oitiva, o percentual de não alçamento das vogais médias pretônicas, postônicas e nos clíticos. Constatamos que este percentual é diferente, as taxas de não alçamento das vogais médias são maiores nas postônicas e nos clíticos do que nas pretônicas. Associamos estas diferenças ao papel de condicionantes linguísticos, por exemplo, a ocorrência de harmonia vocálica nas vogais pretônicas. Constatamos também que os fatores extralinguísticos, como idade, sexo e escolaridade são importantes condicionadores da variação tanto em clíticos, quanto nas pretônicas e postônicas. Os percentuais de preservação das vogais médias pretônicas em nossa análise são maiores na vogal o do que na vogal e nas pret nicas e nos cl ticos mas n o nas postônicas, nas quais a vogal /e/ favorece mais a não elevação. Nas postônicas, a vogal /e/ é responsável por 70% de não elevação, contra 62% da vogal /o/, demonstrando que a preservação das vogais médias nessa posição é maior do que em pretônicas e em clíticos. Nestes últimos, os percentuais não diferem tanto entre /e/ e /o/ e esses valores permitem inferir que, nessa comunidade de fala, diferente do que foi observado em análises de outras localidades, os clíticos não apresentam tendência de elevação. Observamos também que os informantes apresentam um comportamento sistemático, no sentido de que aqueles que elevam menos o fazem em todos os contextos e aqueles que elevam mais também o fazem em todos os contextos, o que mostra que há um denominador comum por trás de processos considerados de distinta natureza.