Arquitetura muscular, funcionalidade e reabilitação em mulheres com dor patelofemoral

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Pompeo, Klauber Dalcero
Orientador(a): Vaz, Marco Aurelio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/230405
Resumo: A Dor Patelofemoral (DPF) caracteriza-se por uma dor difusa na articulação do joelho, com consequências negativas para a qualidade de vida e funcionalidade dos pacientes. A etiologia da DPF ainda não é totalmente compreendida, sendo considerada pouco conhecida. No entanto, o consenso é de que a DPF seja de origem multifatorial, incluindo fatores locais, proximais e distais ao joelho. O tratamento conservador para DPF tem apresentado bons resultados. No entanto, a abordagem terapêutica mais adequada ainda não está clara, e o índice de sujeitos nãoresponsivos ao tratamento é elevado. A literatura recente tem apontado que modelos de tratamento multiarticulares, ou seja, incluindo exercícios para os fatores proximais e/ou distais, além dos exercícios para os extensores do joelho, têm apresentado melhores resultados que a intervenção tradicional. Além disso, a literatura revela uma associação entre as alterações nos padrões de movimento distais e proximais em pacientes com a DPF, o que sugere que intervenções focadas nos fatores proximais ou distais poderiam ocasionar resultados semelhantes. Entretanto, não foram encontrados na literatura estudos que tenham investigado de maneira ampla os fatores relacionados com as alterações musculares estruturais (hipotrofia) em mulheres com DPF, assim como a relação entre a arquitetura muscular e força com as alterações no padrão de movimento do membro inferior em mulheres com DPF. Também, há uma carência de estudos que comparem os efeitos de protocolos de reabilitação baseados em exercícios físicos focados nos fatores proximais e distais, associados à intervenção com enfoque local, em mulheres com DPF. Com base no exposto, a presente tese tem como objetivos: (1) verificar a presença de alterações na massa muscular (hipotrofia) do membro inferior em mulheres com DPF em comparação a mulheres saudáveis; (2) verificar se existe correlação entre os parâmetros estruturais (espessura muscular) e funcionais (força) com o alinhamento do membro inferior durante o teste de agachamento unipodal em mulheres com DPF e (3) comparar o efeito de dois modelos de tratamento sobre as variáveis clínicas e biomecânicas em mulheres com DPF. A fim de atingir esse objetivo, a presente tese foi dividida em três capítulos/estudos. No primeiro estudo (Capítulo I), foi realizado um estudo transversal que teve como objetivo comparar a espessura dos músculos que atuam nas articulações do quadril (fator proximal), joelho (fator local), e tornozelo e pé (fator distal) em mulheres com DPF (n=20) em relação a mulheres assintomáticas para DPF (n=20). Os resultados demonstraram que mulheres com DPF apresentam alterações na espessura muscular nos fatores proximal (glúteo médio = -13%), local (vasto medial = -15%, quadríceps = -9%) e distal (gastrocnêmio medial = +9%, flexor curto dos dedos = -23%, flexores plantares = +6%; músculos do pé = -12%) em comparação a mulheres saudáveis. Tais diferenças na massa muscular podem auxiliar a explicar as possíveis alterações na força e no alinhamento do membro inferior previamente observados em sujeitos com DPF. No segundo estudo (Capítulo II), foi realizado um estudo transversal, que teve por objetivo verificar a associação entre o valgo dinâmico do joelho durante o teste de agachamento unipodal e a espessura muscular e a força em mulheres com DPF (n=55) e sem DPF (n=20). Os resultados apontam uma correlação negativa entre a espessura dos músculos tibial anterior (r= -0,28) e glúteo máximo (r= -0,32) e o valgo dinâmico. Além disso, observou-se que a espessura do glúteo máximo explicou 10% do valgo dinâmico nas mulheres com DPF. Os dados obtidos apontam que tanto fatores proximais quanto distais influenciam de modo similar o alinhamento dinâmico do membro inferior em mulheres com DPF. No terceiro estudo (Capítulo III), foi realizado um estudo longitudinal, que teve por objetivo comparar os efeitos de dois modelos de reabilitação com 12 semanas de duração para DPF, sendo um modelo focado nos fatores proximal e local (PLT, n=25) e o segundo focado nos fatores distal e local (DLT, n=25), sobre a dor, funcionalidade, valgo dinâmico, espessura muscular e força em mulheres com DPF. Os dois protocolos de reabilitação foram efetivos na redução da dor (PLT= -47%, DLT= -43%) e melhora na funcionalidade (PLT = 14%, DLT = 9%) sem diferenças entre os programas de reabilitação após 12 semanas. Além disso, ao final do tratamento, ambos protocolos foram efetivos no aumento da força, hipertrofia e realinhamento do membro inferior durante o agachamento unipodal. Os resultados obtidos na presente tese demonstram que: (1) mulheres com DPF apresentam simultaneamente alterações na espessura muscular nos níveis proximais, locais e distais em relação a mulheres saudáveis; (2) a espessura muscular de músculos proximais e distais está negativamente associada com a magnitude do valgo dinâmico durante a execução do agachamento unipodal em mulheres com DPF, quanto menor a espessura maior o valgo dinâmico e (3) a utilização de protocolos de intervenção multiarticulares, focados nos fatores proximais e distais em associação com o fator local, apresentam resultados semelhantes na reabilitação de mulheres com DPF. Este estudo foi aprovado no CEP da UFRGS (nº 2.089.328) e registrado no Clinical Trials (nº NCT03663595).