Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2013 |
Autor(a) principal: |
Bragatti, José Augusto |
Orientador(a): |
Bianchin, Marino Muxfeldt |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/88545
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Resumo: |
A associação entre transtornos psiquiátricos e epilepsia do lobo temporal é frequente, embora ainda não esteja totalmente esclarecida em termos epidemiológicos. Há um crescente entendimento das complexas relações entre as duas condições, em termos genéticos, fisiopatológicos e neurofisiológicos. No entanto, ainda há muito para desvendar nesta área, e existe uma grande oportunidade, nos dias atuais, de serem utilizadas modernas ferramentas diagnósticas, sobretudo nos campos da biologia molecular e da neuroimagem, de serem desvendados vários mistérios que seguem pairando a respeito dessa associação. Esta tese dedicou-se a estudar a prevalência de comorbidades psiquiátricas na epilepsia do lobo temporal (ELT), a influência genética de dois polimorfismos referentes ao sistema serotoninérgico na expressão clínica destas comorbidades, e também estudou aspectos neurofisiológicos ligados à frequência de descargas interictais no EEG dos pacientes com ELT, buscando correlações com comorbidades psiquiátricas nestes pacientes. No primeiro capítulo, apresentamos um artigo de revisão sobre aspectos epidemiológicos, características clínicas, e implicações terapêuticas e prognósticas da presença de comorbidades psiquiátricas nos indivíduos com epilepsia. Mecanismos fisiopatológicos, com envolvimento de circuitos neurais comuns à epilepsia e a diversos transtornos psiquiátricos foram propostos. No segundo capítulo, nós avaliamos a presença de transtornos psiquiátricos numa população de pacientes com epilepsia do lobo temporal do nosso meio, utilizando como método diagnóstico uma entrevista clínica estruturada, baseada nos critérios diagnósticos do DSM-IV. Foram estudados 98 pacientes (59 mulheres, 39 homens) com média de idade de 43 anos, e tempo de duração média da sua epilepsia de 25 anos. Foi observado pelo menos um diagnóstico psiquiátrico ao longo da vida em 54% dos nossos pacientes. O transtorno psiquiátrico mais frequente foi o transtorno de humor, observado em 43% dos pacientes, seguido por transtornos de ansiedade, presente em 18% da população estudada. Transtornos psicóticos e abuso de álcool ou outras substâncias estiveram presentes em 6% dos indivíduos estudados cada. Presença de descargas epileptiformes no lobo temporal esquerdo aumentou em sete vezes o risco dos pacientes com ELT apresentarem algum transtorno psiquiátrico. A prevalência de transtornos psiquiátricos encontrada foi superior à encontrada na literatura, possivelmente devido a diferenças na amostra estudada, e principalmente por diferentes métodos diagnósticos utilizados nos demais estudos referentes ao tema. No entanto, o nosso estudo ressaltou a importância da padronização do método diagnóstico empregado em futuras pesquisas sobre o assunto. No terceiro capítulo desta Tese, estudamos a influência dos polimorfismos do gene TPH2 (Tryptophan Hydroxylase 2), que sintetiza uma enzima limitante das taxas de serotonina na fenda sináptica, sobre a frequência de transtornos psiquiátricos na ELT. Nesse artigo, nós estudamos a influência dos polimorfismos rs4570625 e rs17110747 do gene TPH2 em 163 pacientes com ELT, nos quais aplicamos o SCID, uma entrevista psiquiátrica estruturada. Neste estudo, a presença do alelo T do polimorfismo rs4570625 aumentou em 6 vezes as chances do paciente com ELT apresentar algum transtorno psiquiátrico, enquanto a presença do alelo A no polimorfismo rs17110747 aumentou em 20 vezes as chances do paciente com ELT ser abusador de álcool. Neste estudo, sexo masculino e história familial psiquiátrica foram fatores de risco independentes para abuso de álcool na ELT. Já história familial de epilepsia esteve inversamente correlacionada com abuso de álcool nos pacientes estudados. O estudo ressaltou a importância do sistema serotoninérgico na expressão de doenças psiquiátricas associadas à ELT. Finalmente, no quarto capítulo, nós quantificamos as descargas epileptiformes interictais no EEG de 78 pacientes com ELT, a fim de determinar a influência desta atividade sobre a presença de comorbidades psiquiátricas nestes pacientes. Foi observado que pacientes com um diagnóstico de transtorno de humor ao longo da vida apresentaram um índice significativamente mais baixo de descargas interictais (inferior a um evento por minuto), um possível correlato neurofisiológico do fenômeno da Normalização Forçada, um dos componentes das complexas relações existentes entre Depressão e Epilepsia. |