Tuberculose em portadores de HIV/AIDS : diagnóstico e acompanhamento ao lavado broncoalveolar e à autópsia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1999
Autor(a) principal: Xavier, Rogerio Gastal
Orientador(a): Rigatto, Mario
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/197763
Resumo: 1) Objetivos: Analisar as variáveis demográficas, clínicas, radiológicas, broncoscópicas e laboratoriais do lavado broncoalveolar (BAL) em portadores de HIV / AIDS com tuberculose ou outra micobacteriose não-tuberculosa (TB), comparando- os a grupo controle com outras nosologias oportunistas associadas, bem como os achados evolutivos, ao BAL e à autópsia, para definir marcadores de gravidade, complicações, resultado do tratamento e sobrevivência alcançada em ambos os grupos. 2) Métodos: Estudo transversal, prospectivo, controlado e não-randomizado, para avaliar as variáveis diagnósticas de 125 portadores de HIV/AIDS com 134 exames pelo BAL, sendo 33 com TB e 101 exames sem TB, entre 1º/7/89 e 31/12/91, e estudo de coorte, para acompanhamento dos pacientes examinados à primeira vez ao BAL, com finalidade prognóstica, concluído em 31/12/1994. 3) Resultados: A população constou predominantemente de indivíduos masculinos, com cerca de 30 anos de idade, sintomáticos, tabagistas (56,1%), alcoolistas (37,7%), sendo fatores de risco homo/bissexualidade (66,4%), usuário de droga injetável (14,9%), heterossexualidade promíscua ou realizada com parceiro de risco (7,4%), com infiltrado intersticial (46,4%) ao radiograma de tórax, não diferindo as variáveis diagnósticas encontradas exceto ao achado do Mycobacterium tuberculosis em 93,4% dos casos de TB, ipso facto, sendo raramente vistas micobadérias não-tuberculosas. Em 2 de 11 cultivos para o M. tuberculosis foi encontrada resistência a 2 drogas (isoniazida e rifampicina), alertando para multirresistência ao tratamento da tuberculose. Nos pacientes com TB, predominaram os diagnósticos isolados de TB (75,7%) ao BAL, as outras doenças mistas encontradas foram pneumocistose (PCP), citomegalovirose (CMV) e sarcoma de Kaposi. Nos pacientes sem TB ao BAL, a PCP (36,6%) foi dominante, tendo 9,9% tuberculose extrapulmonar e 4,0% outras doenças oportunistas mistas. Foi registrada neutrocitose ao BAL na TB, PCP e infecções das vias aéreas inferiores. Na CMV, nas doenças fúngicas (DF) e nas mistas, a proporção de neutrófilos foi menor que na TB (p < 0,05). A broncoscopia mostrou-se usualmente inalterada (64,2%). Em existindo lesões endobrônquicas complexas, essas apontariam para TB (p < 0,009). O principal quadro clínico terminal foi de insuficiência respiratória, sendo TB a principal etiologia (19%) entre os indivíduos que, levados à autópsia, não tiveram o diagnóstico histológico da síndrome de angústia respiratória do adulto (SARA). Naqueles em que foi comprovada SARA, houve associação com PCP (Fischer p = 0,049). Foi significativa ao BAL e à autópsia a associação dos diagnósticos para TB, PCP, CMV e DF (p < 0,05). As doenças de maior prevalência à autópsia foram CMV (33,3%), TB (28,9%) e PCP (13,3%), sendo que, dos 18 pacientes autopsiados com TB, 5 apresentaram também CMV (27,8%). No entanto, não houve demonstração estatística de dependência entre ambas as doenças ou de outro marcador de gravidade à evolução. As complicações do método foram pequenas (1,4%), com resolução satisfatória. A maioria dos pacientes com TB recebeu tratamento específico (90,9%), tendo alguns pacientes sem TB ao BAL recebido tratamento de prova 13,0% (12/92) ou para TB extrapulmonar (9,7%). O esquema terapêutico dominante foi com rifampicina-isoniazida e pirazinamida, a mediana do tempo de tratamento de 9 meses. Parefeitos causaram a troca de regime em 20%. Com alta por óbito 43,3% (13/30) e abandono ou outro meio 30,0% (9/30), alcançaram a cura 36,6%. Pela análise evolutiva das curvas de sobrevida (Kaplan-Meyer), não houve distinção entre os indivíduos HIV/AIDS portadores ou não de TB ao BAL. 4) Conclusões: A população HIV/AIDS estudada englobaria indivíduos com diversas doenças oportunistas, de diagnóstico diferencial difícil à avaliação clínico-radiológica usual, suscitando a intervenção de procedimento diagnóstico mais invasivo, ainda que seguro, ao BAL. O risco em adquirir tuberculose advindo da alta prevalência que caracterizaria a situação epidemiológica no Estado.