Experiências de vida de mulheres usuárias de drogas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Maidana Júnior, João Nunes
Orientador(a): Pinho, Leandro Barbosa de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/249904
Resumo: Introdução: quando uma mulher apresenta comportamentos que, de algum modo, destoam do caráter que a sociedade espera da mesma, aparece o estigma como uma construção social. Nesse sentido, a sociedade adota valores e concepções direcionadas por normas moralistas, e as histórias de vida das pessoas são menosprezadas. Objetivo geral: Conhecer as experiências de vida de mulheres usuárias de drogas. Método: Estudo qualitativo, com o uso de técnicas narrativas, realizado com seis mulheres que fazem ou fizeram uso de drogas, o cenário de estudo foi um Centro de Atenção Psicossocial II de um município do Rio Grande do Sul. O período de coleta foi de novembro à dezembro de 2020. Foram incluídas mulheres que faziam uso de drogas e maiores de 18 anos e que estavam em tratamento. Excluídas aquelas que apresentavam condições clínicas ou psiquiátricas que impediam de participar. A coleta de dados deu-se por observação livre, entrevista e genograma. Foi utilizada a Análise de Conteúdo modalidade Temática. Como referencial teórico utilizam-se os conceitos de estigma na literatura de Erving Goffman. Este estudo respeitou todos os preceitos éticos estabelecidos pela Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Contou com a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre da Universidade Federal do Rio Grande do Sul com Certificado de Apreciação Ética número 38368620.3.0000.5327 sob parecer 4.366.261. Resultados: Nas mulheres participantes deste estudo, observou-se que as suas experiências de vida, ainda na infância, foram marcadas por vulnerabilidades relacionadas à saúde mental. Embora sem diagnóstico, nos seus relatos, muitas reconheceram sinais sugestivos de transtorno mental. A adolescência, na maioria, foi marcada pelo uso de drogas e, consequentemente, a perpetuação do estigma. Pelo contexto familiar de vulnerabilidade em saúde mental desde a infância, elas mantiveram comportamentos de isolamento social, rebeldia e distanciamento familiar durante essa fase. O uso da droga está associado à sensação de fuga da realidade para evitar determinados sentimentos negativos gerados pelo ambiente familiar. Percebemos, nos depoimentos analisados, que a relação entre as mulheres e seus companheiros foi potencializadora para agravamento de transtornos mentais e uso de drogas. A maternidade era carregada de culpa e buscavam reestabelecer e fortalecer o vínculo com os filhos, que sentiam-se envergonhados. Considerações finais: frente aos resultados obtidos, conhecer a repercussão do estigma nessas mulheres nos permite repensar o modelo de ser mulher construído pelo patriarcado, que limita as mulheres e que causa sofrimento àquelas que, de algum modo, não correspondem a um padrão de normalidade que a sociedade espera.