Infecções por Klebsiella pneumoniae produtoras de KPC e resistentes às polimixinas : avaliação de desfechos clínicos e tratamentos utilizados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Oliveira, Vanessa Pimentel de
Orientador(a): Zavascki, Alexandre Prehn
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/202511
Resumo: Base teórica: A resistência a polimixina em Klebsiella pneumoniae produtora de Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) tem aumentado na última década. A alta mortalidade destas infecções, principalmente em infecções de corrente sanguínea, enfatiza a relevância do tema. Faltam estudos prospectivos que avaliem cura clínica, antimicrobianos utilizados e sobrevida em pacientes com infecções por Klebsiella pneumoniae produtora de KPC e resistente a polimixina (KP-KPC-RP). Objetivo: Avaliar cura clínica e mortalidade em pacientes com infecções por KP-KPC-RP e descrever os regimes antimicrobianos utilizados. Métodos: Coorte prospectiva de pacientes com infecções por KP-KPC-RP em um hospital terciário de ensino em Porto Alegre, no período de abril/2017 a abril/2018. As infecções foram defininas de acordo com os critérios do Center for Disease Control and Prevention (CDC) e a decisão terapêutica era realizada pela equipe assistente. A cura clínica foi definida pelos pesquisadores como ausência de febre por 48 horas consecutivas, leucocitose e sintomas associados a foco infeccioso e presença de estabilidade hemodinâmica. Características dos pacientes e das infecções foram analisados de acordo com a presença de cura clínica. A concentração inibitória mínima (CIM) aos principais antimicrobianos pelo método de microdiluição foi realizada em todos os isolados para avaliar se o tratamento foi adequado e também confirmar a resistência a polimixina. Resultados: Foram incluídas 43 infecções. Todos os isolados apresentavam MIC Polimixina B maior que 2 mg/L pelo método de microdiluição em caldo, confirmando resistência a droga conforme breakpoint definido pelo EUCAST. Suscetibilidade a amicacina e tigeciclina foram encontradas em 92 e 25%, respectivamente. Apenas 4 isolados eram suscetíveis a gentamicina. Nenhum outro antimicrobiano demonstrou atividade in vitro na análise. Em 14 dias de tratamento, 62,8% dos pacientes apresentaram cura clínica. Esta foi mais comum em sítio urinário (93.8%; 15/16 episódios) comparado a infecções em outros sítios (44.4%; 12/27 episódios) P=0.001. Em modelo de regressão logística binário utilizado, a infecção de trato urinário foi a mais comum (37,2% da amostra) e esteve associada significativamente a cura clínica (OR ajustado, 0,07; 95% IC, 0.007-0.60; P=0.02). A mortalidade global em 30 dias e intra-hospitalar foi de 16,3% e 23,3% respectivamente. Foi observada maior mortalidade em infecções não urinárias comparado a infecções urinárias: 22.2% versus 6,3% (P=0.23) e 33,3% versus 6,3% (P=0.06). Vários esquemas terapêuticos foram usados em um limitado número de pacientes, dificultando comparações entre terapêuticas. O uso de amicacina foi associado a maior cura clínica, principalmente em infecção urinária. Conclusão: Estes resultados sugerem benefício no uso de esquemas terapêuticos contendo amicacina em infecções de sítio urinário, incluindo pielonefrite. Infecções em outros sítios por KP-KPC-RP apresentaram menor frequência de cura clínica em 14 dias de tratamento e elevada mortalidade intra-hospitalar. Tais dados reiteram a preocupação atual sobre o tema e sobre a disponibilidade de novos antimicrobianos no Brasil para tratamento destas infecções.