O saber estatístico como dizer verdadeiro sobre a alfabetização, o analfabetismo e o alfabetismo/letramento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Sperrhake, Renata
Orientador(a): Traversini, Clarice Salete
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/72138
Resumo: Nesta Dissertação de Mestrado tenho como objetivo compreender de que modo o saber estatístico se constitui em um dizer de verdadeiro e como ele opera na produção discursiva da alfabetização, do analfabetismo e do alfabetismo/letramento. Tal estudo se inscreve no referencial teórico-metodológico dos Estudos Culturais em Educação em vertente pós-estruturalista. Inspiro-me nas teorizações de Michel Foucault e utilizo os conceitos de discurso, verdade, biopolítica e governamentalidade. Com o primeiro movimento que realizei no trabalho busquei elencar alguns aspectos históricos e técnicos da constituição da estatística, pois se supõe que esses elementos (históricos e técnicos) conferem às estatísticas um status de verdade. Também trouxe as contribuições de Michel Foucault ao estudo do saber estatístico como um saber necessário ao governamento da população. O segundo movimento consistiu-se em pesquisar as maneiras pelas quais os saberes sobre a leitura e a escrita são quantificados, com quais instrumentos, a partir de quais entendimentos sobre alfabetização e alfabetismo/letramento. Assim, analisei algumas formas de produção de estatísticas sobre alfabetização, analfabetismo e alfabetismo/letramento. O material empírico da pesquisa é composto por artigos acadêmicos de revistas de Educação e de Estatística, resumos de dissertações e teses, e por matérias jornalísticas de publicações impressas e digitais. Nas análises mostrei que o saber estatístico opera na produção discursiva da alfabetização de três maneiras: como material empírico, como procedimento metodológico e fazendose referência às estatísticas ou ao saber estatístico. Além disso, mostrei que essa produção discursiva opera com dados estatísticos utilizando tanto percentuais quanto números absolutos para uma mesma informação, trazendo rankings e mostrando dados que possibilitam comparações. A partir das análises pude mostrar ainda algumas estratégias utilizadas para “fazer falar” os dados, como os comentários dos especialistas, e foi possível visibilizar a formação de professores como a causa e a solução para os baixos e para os altos índices de alfabetização e de alfabetismo/letramento. Discuti a invenção dos níveis de alfabetismo/letramento entendendo-os nesta pesquisa como gradiente de alfabetismo/letramento que operam na multiplicação das posições do sujeito alfabetizado. Em síntese, com as diferentes análises realizadas nessa dissertação, mostrei que o saber estatístico opera como um dizer verdadeiro na produção discursiva da alfabetização, do analfabetismo e do alfabetismo/letramento, na medida em que é capaz de produzir saberes que posicionam os sujeitos quando da sua relação com a leitura e a escrita.