Dinâmicas socioambientais e disputas territoriais em torno dos empreendimentos florestais no Sul do Rio Grande do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Binkowski, Patrícia
Orientador(a): Almeida, Jalcione Pereira de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/109253
Resumo: Nas últimas décadas, o cenário mundial foi marcado pela migração de empresas produtoras de madeira para celulose e papel do hemisfério norte para o hemisfério sul, provocando uma nova espacialização dos plantios de arbóreas, entre elas, eucalipto, acácia e pinus. A implantação desses grandes projetos tem desencadeado mudanças nas práticas sociais e no meio natural nos espaços rural e urbano de determinadas regiões, como é o caso do sul do Rio Grande do Sul. Este estudo se destina a analisar e compreender como e por que se expandiu a atividade florestal em um dos municípios desta região, Encruzilhada do Sul, e como a expansão dos empreendimentos de produção e beneficiamento de madeira passaram a interferir nas relações sociedade-natureza, influenciando novos contextos no meio urbano e rural do município. Para responder a tais questionamentos foi realizada pesquisa de campo com atores sociais envolvidos nesse contexto empírico. Adotou-se como referencial teórico-metodológico as noções/categorias de território e conflito ambiental. A análise permitiu constatar: a) o surgimento de novos atores sociais e a disseminação de uma “lógica florestal”; b) alterações importantes na paisagem rural e urbana; c) desterritorialização e reterritorialização da população local; d) alterações nos sistemas produtivos e influências diretas na posse da terra; e) mudanças nas relações e condições de trabalho; e, f) transformações nas relações de poder e redefinição de estratégias empresariais. As mudanças afetaram, direta e indiretamente, as práticas cotidianas da população local envolvida ou não com a atividade de silvicultura, provocando alterações nas formas como os indivíduos/grupos passaram a decidir e garantir a sua reprodução social e modos de vida. As comunidades envolvidas passaram então a resignificar o território, construindo um “novo” espaço, atrelado ao surgimento de uma “nova territorialidade” e uma “nova ruralidade”. Mas não foi identificada uma reação coletiva por parte da população local contrária aos impactos negativos provocados pela atividade de silvicultura no município. A atividade de silvicultura em Encruzilhada do Sul tende a ser vista como uma “estratégia de desenvolvimento”, seja na visão do poder público local, das empresas florestais ou da população local, esta última influenciada pelos dois primeiros grupos, acreditando que a atividade é, literalmente, a “salvação da lavoura”. A concepção desenvolvimentista gerada pela atividade de silvicultura, no entanto, não determinou até agora o tão desejado desenvolvimento para o município, ao contrário, tem comprometido a própria reprodução social das comunidades que passam a criar novas estratégias de (re)adaptação e enfrentamento à “lógica florestal” instaurada na região.