Memórias de vida e prática docente : um estudo no Equador

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1995
Autor(a) principal: Ortiz Espinoza, Maria Elena
Orientador(a): Feldens, Maria das Graças Furtado
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/256147
Resumo: O sistema educacional do Equador está passando por reformas com a intenção de atualizar e superar problemas detectados nas avaliações sobre ensino, como a excessiva memorização, a falta de criatividade nos estudantes, a desatualização dos docentes e dos programas de estudo e o uso de métodos tradicionais de ensino. No sentido de dar uma contribuição a essas mudanças, o presente estudo buscou compreender as memórias de professores sobre sua formação docente, trajetória de vida profissional, a prática docente e influências que neste processo receberam. Sete professores atuando em três colégios públicos na cidade de Quinto participaram no estudo. Observação não participante, entrevistas e literatura sobre o desenvolvimento da educação equatoriana, bem como da trajetória de uma das Faculdades formadoras de professores no País, foram as abordagens usadas para me engajar no estudo do cotidiano escolar e conhecer como foi a formação inicial e contínua destes educadores, assim como as representações de suas práticas docentes. Vários aspectos puderam ser evidenciados através das memórias de vida dos participantes: (a) a escolha pela profissão foi influenciada pelo fator econômico familiar, relações de gênero, no caso das professoras mulheres, relativamente à vocação ou incertezas, bem como a influência de professores na infância e na adolescência; (b) a pouca contribuição teórica dos cursos de formação docente, centralizados na figura dos professores e do saber de algumas disciplinas, assim como o desenvolvimento de competências para avaliar o aluno e planejar, bem como a dicotomia entre a teoria dos conteúdos e a prática escolar vivenciada; (c) a busca de estabilidade no trabalho faz com que exista uma alta rotatividade nos primeiros anos da docência, evidenciando nessa experiência, as primeiras dificuldades como a falta de materiais, pagamento atrasados dos salários e o meio social e cultural dos alunos. Porém estas limitações são compensadas pela gratidão dos estudantes e a confiança que chegam a ter com seus mestres, segundo os depoimentos. A capacitação nesta caminhada nasce de iniciativas pessoais ou das instituições onde trabalham. A única mudança revelada na fala dos professores foi no comportamento dos alunos. Outro fato manifestado foi o trabalho de equipe nas áreas de estudo que é onde nasce qualquer ideia de mudanças e melhoria profissional. Diferentes formas de trabalhar os conteúdos puderam ser evidenciadas nos três colégios participantes, dependendo de fatores como: época em que foram criados, tipo de clientela que atende e projeto pedagógico coletivo que existe em dois dos colégios paricipantes, que têm a categoria de experimentais. Estas formas de trabalho foram das mais punitivas até as mais permissivas, no que se refere à relação professor aluno, o conteúdo e a aprendizagem deste, bem como a organização intra-escolar, sendo que o lugar central no processo de ensino-aprendizagem ocupa o saber e a figura dos professores. Os professores participantes demonstraram uma profunda convicção do seu papel, que pode ser considerado romântico e desligado dos processos sociais e políticos mais amplos, sem que por isso deixem de acreditar que a sua participação é importante para a melhoria da qualidade do ensino público. Seu trabalho, no entanto, se circunscreve à sala de aula, ao ato de ensinar e aprender. Acreditam que os professores são somente guias e condutores neste processo cabendo aos alunos o papel ativo. Assim, superar as limitações evidenciadas no estudo remete a um conhecimento mais profundo das “memórias e vida” pelos próprios professores, para serem trabalhados nos colégios. Uma via poderia ser a pesquisa-ação, na busca de mudanças e um conhecimento maior do seu dia-a-dia. No que se refere à formação inicial o “processo clinico” poderia contribuir para refletir, à luz dos pressupostos teóricos, sobre as experiências da prática escolar desde os primeiros anos de formação, ajudando desta forma a preparar profissionais mais reflexivos e comprometidos com seu papel.