Resumo: |
Esta pesquisa discute a noção de duplo regime das imagens, conforme proposta por Georges Didi-Huberman, confrontada com o conceito de imaginabilidade, elaborado pela teoria urbana de Kevin Lynch. Problematiza-se um saber representação da imagem, cartesiano e funcionalista, que encontra em categorias de síntese como: identidade, estrutura, legibilidade e função, um modelo de leitura e projeto da cidade. Compreende-se que esse modelo ocupa uma posição hegemônica na teoria urbana moderna. Desse modo, a pergunta que motiva a pesquisa é a seguinte: Como repensar o discurso de Kevin Lynch e suas imagens urbanas em outras bases teóricas? Assim, o trabalho se articula pela estratégia metodológica da montagem, olhando para a teoria urbana em correlação à cidade contemporânea e seu redemoinho de diferenças e anacronismos. O texto está dividido, além da introdução e revisão da lacuna, em três capítulos, seguidos das conclusões. No primeiro, pautou-se o entendimento contemporâneo das imagens, a partir da montagem, aproximando a noção filosófica do duplo regime, desde uma série de outras noções que a dão corpo. Em seguida, aprofundou-se a leitura da obra de Lynch, a partir de dois textos balizadores: "A imagem da cidade" publicado em 1960, e "A boa forma da cidade" publicado em 1981. Atentou-se para as compreensões e relações estabelecidas pelo autor, na esteira de uma disposição cartesiana da teoria urbana, que deduz a experiência da cidade através de categorias de síntese. Por fim, se buscou re-montar a discussão, através da crítica dessa imaginabilidade, pelo duplo regime, evidenciando pontos de tensão entre os dois paradigmas conceituais. Espera-se que o trabalho contribua para "rasgar" a imaginabilidade urbana de Lynch, e assim evidenciar outras questões, desde uma posição poética, no limiar da ficção, da técnica e de uma certa pedagogia, pois elabora-se algo próximo de um "não-saber" das imagens contemporâneas em sua dimensão estética e política. |
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