Entre a política e a academia : a extensão universitária numa perspectiva comparada (UFRGS/Brasil - UDELAR/Uruguay)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2003
Autor(a) principal: Natividade, Marisa Oliveira
Orientador(a): Trindade, Hélgio Henrique Casses
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/165439
Resumo: O presente trabalho é resultado de uma pesquisa sobre a relação Universidade - Sociedade, através da Extensão Universitária, em duas importantes instituições de ensino superior: a Universidad de la República (UDELAR) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) situadas em países latino-americanos (Uruguai e Brasil, respectivamente) com características histórico-sociais e educacionais distintas, e que a incluíram, já na primeira metade do século passado, como forma relevante, mas não única, para relacionar-se com a sociedade. Através do enfoque comparativo e da periodização de longa duração, investigou-se como e por que a Extensão Universitária tem se constituído como uma função legítima e permanente nessas duas universidades. A análise, em sentido sincrônico e diacrônico, desde sua formação, passando pelas mudanças políticas e institucionais ocorridas ao longo do século XX, até o atual período democrático, cobriu as transformações ocorridas tanto interna quanto externamente. Também investigou-se os diferentes conceitos, concepções, práticas e sujeitos coletivos considerados legítimos para participar da Extensão Universitária, a partir de distintas posições, seja como portadores de um saber especializado que deveria ser estendido à sociedade mais abrangente, futuros profissionais, ou, ainda, como ouvintes, clientes ou parceiros. A hipótese norteadora é de que a Extensão Universitária tem se construído, na América Latina, como legítima e permanente das universidades, sendo realizada por sujeitos coletivos adeptos de estratégias cientificistas ou academicistas (Lovisolo, 2000), numa relação permeada por alianças, conflitos e tensões conjunturais no tempo e no espaço, e cujo referencial encontra-se nas lutas pela definição sobre a forma como essas instituições deverão realizar suas vocações política e científica (Chauí, 2001). As universidades foram abordadas através da concepção de campo de lutas (Bourdieu, 1999), na qual são importantes tanto seu modelo organizacional, quanto os diversos sujeitos que dele fazem parte (Clark, 2000). Nos casos empíricos pesquisados, concluiu-se que, no Uruguai, a estratégia cientificista adotada pelos extensionistas esteve em consonância com a vocação política presente desde a constituição do projeto da U niversidad de la República, enquanto no Brasil, a estratégia academicista foi subordinada à vocação científica das universidades. Após a redemocratização no Brasil e no Uruguai, houve um processo de reorganização das universidades públicas e da Extensão Universitária, buscando um maior equilíbrio entre as vocações política e científica. Na UFRGS, a nova realidade explica-se tanto pela convivência pragmática entre as estratégias cientificista e academicista, quanto pela redefinição das vocações científica e política da universidade. Na UDELAR há um processo de recuperação da sua vocação política, ao mesmo tempo em que se busca impulsionar sua vocação científica.