A geoepidemiologia e o lugar : espaços de sentido para as violências contra mulheres rurais do Rio Grande do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Bueno, André Luis Machado
Orientador(a): Lopes, Marta Júlia Marques
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/159117
Resumo: Trata-se de um estudo ecológico, descritivo, do tipo série de casos, desenvolvido a partir de dados da segurança pública e da análise cartográfica da violência contra mulheres rurais em municípios de pequeno e médio porte da metade sul do Rio Grande do Sul, no período de 2010 a 2013, com o objetivo de traçar e analisar o perfil geoepidemiológico desses eventos. Aborda-se a temática das violências contra mulheres rurais a partir do seu construto sociocultural que a tornou, nas últimas décadas, um dos mais graves e complexos problemas sociais. Sustenta-se a ideia de que as desigualdades sociais limitam, ou mesmo impedem, o exercício pleno da cidadania ao criar, recriar ou transmutar, no rural, incondições de vida urbana para o enfrentamento das situações de violência. Reconhece-se que o setor saúde, em particular, tem dificuldades, especialmente em áreas rurais, para enfrentar o problema das violências contra mulheres por se tratar de eventos invisíveis (velados) e mascarados por sinais e sintomatologias diversas, quando pensados somente na perspectiva biológica. Nesse sentido, entende-se que a violência se transforma em problema de saúde por afetar a saúde individual e coletiva, demandando a formulação de políticas públicas específicas para prevenção e tratamento. Os resultados apontam para a conformação de um padrão de ocorrência dos eventos de violência nas cidades com os piores índices relacionados ao IDH, ÍNDICE DE GINI, PIB E INCIDÊNCIA DA POBREZA. As mulheres jovens, entre 12 e 17 anos são mais vitimadas por violências no recorte espacial analisado. As lesões corporais com ocorrência aos domingos entre as 12:01 e 18:00 responderam pela maioria dos registros de violências. Os casos de estupro chamam a atenção pela alta prevalência sendo, aproximadamente, 7 vezes mais prevalentes que os dados para o RS em 2012 e 17 vezes mais para os dados de 2015. As análises das cartografias sugerem que as variáveis relacionadas à renda, ao analfabetismo e às atividades típicas do rural atuam como agentes vulnerabilizantes para violências. O abandono social, a falta de políticas públicas eficazes e a crescente pobreza fazem com que o rural, na perspectiva e recorte espacial analisado, constitua-se como fator de vulnerabilidade específica para violências. Nesse sentido, o número de estabelecimentos de saúde municipais parece assumir caráter protetivo. Considera-se, dessa forma, que a implementação de políticas de saúde, de emprego, de educação e de renda pode auxiliar no combate às formas de discriminação baseadas nas assimetrias de gênero, fomentando a promoção da autonomia das mulheres vítimas de violência, por meio do aumento das capacidades para lidar com situações adversas, nesse caso, representado pelas diversas possibilidades constitutivas de violências contra mulheres em ambiente rural.