Avaliação neuroquímica em modelo experimental de homocistinúria clássica : prevenção pela vitamina C e guanosina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Machado, Fernanda Rossatto
Orientador(a): Wyse, Angela Terezinha de Souza
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/194134
Resumo: A homocistinúria clássica é um erro inato de metabolismo de aminoácidos, causado pela deficiência na atividade da enzima cistationina-β- sintase. Pacientes afetados podem apresentar alterações neurológicas como convulsão e retardo mental. A vitamina C e a guanosina têm sido sugeridas como agentes protetores em diversos modelos que afetam o sistema nervoso central. Sendo assim, no presente estudo utilizamos um modelo animal de homocistinúria a fim de investigar os mecanismos pelos quais a homocisteína exerce sua neurotoxicidade. Nesse trabalho também avaliamos a influência da vitamina C, um antioxidante clássico; e da guanosina, um nucleotídeo derivado da guanina, como possíveis neuroprotetores sobre os efeitos causados pela homocisteína. Inicialmente, investigamos o efeito da administração crônica de homocisteína sobre a captação de glutamato, a atividade das enzimas Na+ ,K+ -ATPase, superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT), e sobre os níveis de espécies reativas em hipocampo de ratos de 21 dias de vida pós natal. Os resultados mostraram que a hiperhomocisteinemia crônica severa diminuiu a captação de glutamato e a atividade das enzimas Na+ ,K+ -ATPase, SOD e CAT, bem como aumentou o nível de espécies reativas na estrutura estudada. Além disso, a administração concomitante de vitamina C preveniu significativamente as alterações causadas pela homocisteína. De acordo com os resultados iniciais, podemos sugerir que a redução da captação de glutamato está relacionada à inibição na atividade da Na+ ,K+ -ATPase, já que os transportadores de glutamato utilizam o gradiente de Na+ gerado por essa enzima para o transporte, e pela presença de estresse oxidativo, já que a vitamina C preveniu tal efeito. Posteriormente, estendemos nosso estudo para avaliar os efeitos da hiper-homocisteinemia crônica severa sobre outros parâmetros, tais como imunoconteúdo das subunidades catalíticas da Na+ ,K+ -ATPase (α1, α2 e α3), dano a biomoléculas (substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico- TBARS e sulfidrilas totais) e metabolismo energético (complexo II, citocromo C oxidase- COX e níveis de ATP). Também avaliamos o possível efeito protetor da guanosina sobre os parâmetros citados anteriormente. A administração crônica de homocisteína diminuiu o imunoconteúdo da subunidade α1 e não alterou α2 e α3; aumentou o TBARS e diminuiu os níveis de sulfidrilas totais; a homocisteína diminuiu a atividade da COX e não alterou a atividade do complexo II e os níveis de ATP. A guanosina, per se, não modificou nenhum dos parâmetros analisados, mas foi capaz de prevenir as alterações nas atividades da Na+ ,K+ - ATPase e no imunoconteúdo de α1, das enzimas antioxidantes, COX e nos níveis de sulfidrilas totais. Esses resultados reforçam nossa hipótese de que o estresse oxidativo está envolvido na diminuição da captação de glutamato, já que a guanosina, considerada um importante modulador do sistema glutamatérgico, não foi capaz de prevenir totalmente as alterações oxidativas promovidas pela homocisteína e a diminuição na captação de glutamato. A partir desses achados sugerimos que a administração da vitamina C e da guanosina pode ser benéfica como terapia adjuvante na homocistinúria clássica. Entretanto, mais estudos são necessários para elucidar os mecanismos envolvidos nas modulações mostradas nesse estudo.