Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Oliveira, Daniela |
Orientador(a): |
Schneider, Sergio |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Palavras-chave em Inglês: |
|
Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/109251
|
Resumo: |
Esta tese trata da produção de conhecimentos e inovações na agricultura, mais especificamente em tipos de agriculturas contra tendentes, ou seja, que se desenvolvem a margem dos padrões, das regras e das trajetórias tecnológicas associadas ao projeto modernizante da agricultura e do mundo rural. O caso em análise é a Associação dos Agricultores Ecologistas de Ipê e Antônio Prado/RS (AECIA), grupo de famílias de agricultores que desde o final da década de 1980 vem praticando o que denominam localmente de uma agricultura ecológica. Os objetivos desta tese são: (a) analisar a produção de conhecimentos e inovações na AECIA; (b) identificar os mecanismos e as estratégias por meio das quais as inovações produzidas relacionam-se com processos de transição sociotécnica na agricultura, constituindo-se como novidades; e (c) refletir sobre as potencialidades e os limites de casos como estes em influenciar num processo de transição sociotécnica na agricultura. Os recursos metodológicos utilizados foram a metodologia qualitativa, como método de abordagem e o estudo de caso, como técnica de pesquisa. A coleta de dados ocorreu através de 42 entrevistas e de observação participante. Foram realizados dois tipos de entrevistas: entrevista sequencial individual (ou linha do tempo) e entrevista semiestruturada. As principais conclusões indicam que a agricultura ecológica de Ipê e Antônio Prado foi, e é, um processo local e específico, apesar de inserido dentro de um movimento mais amplo de contestação social aos impactos da modernização da agricultura no Brasil. O caráter local e específico remete a outra importante característica que é o caráter inovador e experimental. Mostro que neste caso o processo de produção de conhecimentos e inovações se deu fundamentalmente a partir da prática reflexiva e da contextualização de conhecimentos através de processos informais e cotidianos de inovação. Como importantes exemplos de inovações que surgem através destes processos estão o biofertilizante Super Magro e o uso da calda bordaleza na produção de pêssego e maçã. Viu-se também que a produção de conhecimentos e inovações extrapolou os limites da produção agrícola e que a partir de algumas novidades centrais outras novidades foram produzidas, dando origem a uma nova configuração sociotécnica, ou teia de novidades. É no âmbito desta nova configuração que as inovações adquirem o caráter de novidades e que processos de transição agroecológica podem ser efetivados. Entre as novidades que constituem esta teia cito novas técnicas de cultivo, novos insumos produtivos, novos equipamentos, mudanças na legislação de alimentos, novos produtos processados, novos espaços/canais de comercialização, novas associações e grupos de agricultores ecologistas. Além da presença de uma teia de novidades identifico também um nicho de inovação em agricultura ecológica. As características que permitem afirmar a presença de um nicho são a radicalidade das inovações produzidas, neste caso relacionado à ecologização das unidades produtivas, a presença de processos de produção de conhecimentos e inovações, conforme indico anteriormente, e o estabelecimento de novas redes sociotécnicas, neste caso representado pela teia de novidades. A presença de um nicho de inovação, no entanto, não é suficiente para afirmar-se a existência de um processo de transição sociotécnica na agricultura. Quando analiso a interação entre aspectos e elementos que constituem o nicho de inovação em agricultura ecológica, com o ambiente sociotécnico mais amplo, representado por mudanças recentes na cadeia de produção da uva e do vinho, identifico tensões e disputas, principalmente entorno dos mercados e das regras de produção. Neste caso, parece estar ocorrendo um processo de enfraquecimento do nicho e de “esverdeamento” da cadeia da uva e do vinho, que se apropria de elementos desenvolvidos no âmbito do nicho para complementar ou substituir componentes do regime. |