O sorriso da palhaça: pedagogias do riso e do risível

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Fuchs, Ana Carolina Müller
Orientador(a): Icle, Gilberto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/218425
Resumo: presente tese propõe uma reflexão sobre as questões de gênero que envolvem a palhaçaria feminina. Com base nas práticas cômicas de mulheres palhaças, analisa-se como as estratégias das artistas constituem um riso de resistência e perturbação aos modelos sociais de gênero e do próprio riso e seus códigos cômicos. Dessa forma, indaga-se: como a palhaçaria feminina constitui pedagogias para um riso não depreciativo? Como as implicações de gênero afetam a construção do risível e do riso na palhaçaria feita por mulheres? Como o risível e o riso presentes na palhaçaria feminina podem ser compreendidos como uma prática pedagógica? As análises foram feitas buscando uma interlocução entre os estudos feministas e de gênero, o campo da pedagogia, a teoria foucaultiana, os Estudos da Performance, as artes da palhaçaria e as teorias do riso. Fizeram parte da pesquisa 38 artistas palhaças brasileiras de diferentes partes do País, por intermédio de entrevistas, registros de rodas de conversas e debates, observação de espetáculos e oficinas. Os distintos materiais compuseram um Dossiê que serviu de suporte para o desenvolvimento das análises. O presente estudo evidencia que o riso e o risível produzido pelas palhaças têm como base a interlocução entre as práticas da palhaçaria, os debates feministas e de gênero e os modos de subjetivação. Sendo assim as práticas da palhaçaria feminina podem ser vistas em três dimensões pedagógicas: em relação às práticas específicas da palhaçaria; sob como as artistas desenvolvem processos criativos e constituem objetos risíveis a partir dos questionamentos que envolvem gênero; em como essas práticas podem criar modos de subjetivação e afetar as experiências de si de artistas e ridentes. A pesquisa demonstrou que as práticas de resistência presentes na arte das palhaças se dão por intermédio da configuração da figura e seu repertório nas múltiplas formas por via das quais as artistas relacionam os diferentes atributos de gênero dados ao feminino e ao masculino. Dessa forma, a imagem da palhacinha aparece como efeito dos modelos instituídos às mulheres, mas também como possibilidade de apresentar as rupturas ao habitar as normas. As palhaças igualmente transitam entre o masculino e o feminino, a categoria palhaça mulher-macha apresenta o jogo entre corpo, sexualidade e gênero que desestabiliza o que é dado como natural para essas relações. Em seu caráter de criatura, a palhaça coloca em xeque o que é dado como normal para os corpos. As construções das palhaças, afinal, geram um riso heterotópico e móvel que atua sobre ridentes e os desloca pelos espaços de desvio e ruptura com a lógica cotidiana de funcionamento social, para uma diversa experiência de si.