Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Alves, Bruna Cherubini |
Orientador(a): |
Dall'Alba, Valesca |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/245847
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Resumo: |
A ascite, definida como o acúmulo patológico de líquido livre na cavidade peritoneal, indica o desenvolvimento de descompensação hepática na cirrose, e está associada à desnutrição e mortalidade. Sua presença prejudica o correto diagnóstico e conduta nutricional, pois comumente o peso, medida necessária para avaliação nutricional e cálculo das necessidades nutricionais, está superestimado. A restrição de sódio dietético é indicada no manejo da ascite, no entanto, ela pode levar a redução da ingestão alimentar e piora do estado nutricional do paciente. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo desenvolver uma equação preditiva para estimar com mais confiabilidade e menos subjetividade o peso seco, definido como o peso corporal do paciente na ausência de ascite, e também avaliar o sódio dietético e sua relação com formação de ascite, desnutrição e mortalidade em pacientes com cirrose descompensada e ascite refratária. Este estudo incluiu pacientes com cirrose descompensada submetidos à paracentese de grande volume. Os pacientes passaram por avaliação clínica e laboratorial, triagem de risco nutricional pela Royal Free Hospital–Nutritional Prioritizing Tool (RFH-NPT), e avaliação nutricional, que incluiu a Royal Free Hospital-Global Assessment (RFH-GA), avaliação nutricional subjetiva global (ASG), ângulo de fase (PhA) pela impedância bioelétrica, e medidas antropométricas. Foram aferidos peso corporal, circunferência abdominal (antes e após a paracentese), altura, circunferência do braço (CB) e dobra cutânea tricipital para cálculo da circunferência muscular do braço (CMB). Equações preditivas para peso seco foram desenvolvidas a partir de modelos de regressão linear, cujas variáveis preditoras foram altura, peso pré-paracentese, 2 circunferência abdominal ou circunferência do braço, e a variável resposta o peso pós-paracentese. A confiabilidade das equações preditivas foi avaliada pelo coeficiente de correlação intraclasse (CCI) e pelo erro quadrático médio (EQM) que foram comparados com os ajustes de peso atualmente utilizados, com os quais se reduz de 2,2 a 14 kg ou 5 a 15% do peso pré-paracentese de acordo com o grau de ascite. A ingestão alimentar e a de sódio foram avaliados por registro alimentar de 3 dias e questionário de frequência alimentar de sódio (QFA-Só). Durante 6 meses os pacientes foram acompanhados por prontuário eletrônico, e o número de paracentese, volumes de ascite drenados e ocorrência de óbito foram verificados. O estudo incluiu 19 pacientes, com mediana de idade de 64 (47 – 71) anos, 15 homens, 11 classificados como Child-Pugh C, 18 com alto risco nutricional, 18 com algum grau de desnutrição pela ASG e 9 pela RFH-GA. A diferença de peso pós-paracentese e peso pré-paracentese foi de -5,0 (-3,6 – -9,9) kg, correlacionado ao volume de ascite drenado. Duas equações foram desenvolvidas para predizer o peso pós-paracentese. Os valores de CCI mostraram que ambas as equações de predição estavam fortemente correlacionadas (r > 0,94) com o peso pós-paracentese. Os modelos também demostraram menores EQMs (< 17,97), em comparação com os ajustes de peso atualmente utilizados (EQMs > 33,24), indicando uma previsão mais precisa. A mediana de ingestão de sódio foi de 3,42 (2,22 – 6,05) g/d e de sal foi de 6,67 (3,70 – 11,1) g/d e não foram associadas a ingestão calórica. A ingestão de sódio menor que 2,5 g/d e de sal menor que 5 g/d foram associadas a menor formação de ascite (p < 0.035 para ambos). A formação de ascite correlacionou-se positivamente com sal (p = 0,048; r = 0,459) e negativamente com PhA (p = 0,033; r = -0,552). A mortalidade em 6 meses foi de 47% e foi associada à desnutrição por CB, CMB, RFH- 3 GA e PhA (p < 0,03 para todos). Nem a ingestão de sódio e nem a de sal foram associados à mortalidade, porém, a sobrevida dos pacientes com PhA menor que 4,0° e daqueles com menos de 10 dias de intervalo entre paracenteses foi menor (p < 0,03 para ambos). Em conclusão, as equações preditivas desenvolvidas neste estudo demonstraram maior confiabilidade que os ajustes de peso atualmente utilizados, e poderão ser melhores opções para estimativa de peso seco em pacientes com cirrose e ascite refratária. Sódio dietético maior que 2,5 g/d foi associado à formação de ascite, mas não à desnutrição e nem à mortalidade. Além disso, a maioria dos pacientes apresentou um consumo elevado de sódio, bem como de sal. Sendo assim, orientar escolhas alimentares mais saudáveis e uma dieta livre de alimentos processados que contém alto teor de sódio, substituindo-os por alimentos in natura ou minimamente processados parece ser melhor que as dietas muito restritivas em sódio e livres de sal. |