A ordem do discurso geoescolar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Batista, Bruno Nunes
Orientador(a): Castrogiovanni, Antônio Carlos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/164329
Resumo: Ao longo das últimas décadas, o ensino de Geografia vem orientando-se com maior ênfase por meio de diretrizes sinalizadas pelo construtivismo pedagógico e as pedagogias progressistas e psicológicas, cujas premissas partem de centrar no aluno a construção do conhecimento e partir do cotidiano e dos arredores escolares para que possa ser significativo o saber geográfico. No entanto, perguntar se o conjunto desses pressupostos foi sempre o mesmo, e como ele chegou a ser o que é, conduz-nos a realizar uma História do presente, ou seja, partir de uma problemática atual para compreender em que momento ela se tornou um problema. Esta tese aponta que o campo contemporâneo da Geografia escolar não é natural, tampouco neutro, nem esteve desde sempre aí. Para ser o que é, teve que passar por inúmeros processos que estabeleceram a ordem do discurso geoescolar. Criado nesta pesquisa, este conceito parte do princípio de que não se pode falar sobre o quiser no ensino de Geografia, nem qualquer um pode fazê-lo; é necessário seguir regras, normas e prescrições, que delimitam o certo e o errado, o verdadeiro e o falso e, portanto, dizem como a aula deve ser. O movimento investigativo aqui desenvolvido partiu dessas alavancas não para entender as ideias compartilhadas na didática geográfica, e sim as condições de possibilidade, relações de poder e saber, que a instituíram. Um trabalho arqueológico e genealógico; sobretudo, uma perspectiva de trabalho pós-estruturalista ancorada nas teorizações de Michel Foucault. Por intermédio da descrição de arquivos subjacentes ao ensino de Geografia na primeira metade do século XX, questionando de onde se fala, como se fala e quem fala sobre ensino de Geografia, identificamos um discurso capitaneado pelo que chamamos da tríade queda/resgate/redenção, isto é, um elevado número de textos sequenciados pela denúncia recorrente ao método tradicional de ensino e tudo que ele envolve; a celebração de um projeto renovador operacionalizado pela Pedagogia ativa e as psicologias escolares; um ideal de final de história, representando por uma nação evoluída, tecnologicamente desenvolvida e voltada para o constante progresso. No entanto, não bastou descrever a constituição da ordem do discurso geoescolar; fundamental também foi o entendimento das práticas de poder e saber que a moldaram. Com hegemonia, infiltrou-se nessa formação discursiva uma constelação maior de objetos e conceitos que, advindos da emergência da acumulação flexível do capital, alicerçavam-se na necessidade de maior investimento em capital humano, isto é, sujeitos flexíveis, individualistas e consumidores, para manter em funcionamento os jogos econômicos de inspiração neoliberal. Balizada pela pedagogia do interesse, a metodologia de projetos, a interdisciplinaridade e as didáticas ativas, e tendo, como pano de fundo, o fatalismo da extinção, pode-se afirmar que, muitas vezes, a ordem do discurso geoescolar foi um mecanismo a serviço da economia de mercado.