Terra-mar : litorais entre a socioeducação e a educação especial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Carvalho, Wesley Ferreira de
Orientador(a): Vasques, Carla Karnoppi
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/168980
Resumo: A presente pesquisa tem por objetivo inscrever um litoral, uma interface entre os campos da educação especial, da socioeducação e da pesquisa acadêmica, oportunizando, de um lado, a investigação acerca da escolarização de adolescentes acautelados na Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Sul (FASE/RS) e, de outro lado, a reflexão aprofundada sobre a escolarização para aqueles com deficiência, especialmente os que apresentam impasses em sua estruturação psíquica. O estudo foi realizado entre os meses de março e maio de 2017, na Escola Estadual de Ensino Médio Senador Pasqualini, localizada no Centro de Atendimento Socioeducativo Padre Cacique, em Porto Alegre/RS. Os seguintes questionamentos norteiam esta pesquisa: como se configura a escolarização de adolescentes que cometem atos infracionais e cumprem uma medida socioeducativa de internação? Dentre os acautelados, há adolescentes considerados da educação especial? Dentre estes, há sujeitos que apresentam impasses em sua estruturação psíquica? Como se estabelecem as relações entre a educação especial e a socioeducação? Trata-se, portanto, de uma pesquisa exploratória, de base qualitativa, em que os procedimentos de pesquisa e análise se sustentaram nos fios éticos da psicanálise, principalmente, no reconhecimento do sujeito em sua singularidade; na possibilidade de criar e preservar espaços de fala e escuta; no entendimento de que aquilo que se fala a respeito do outro é constitutivo das possibilidades de ser e estar no mundo. Entre o texto da lei e a vida na escola, percebemos que as formas organizativas do trabalho pedagógico (a organização curricular, os tempos e os espaços escolares) procuram singularizar o fazer docente, borrando os atos infracionais, a favor da condição de aluno e de professor. No que se refere ao diálogo entre áreas, apesar de o litoral estar posto nos documentos legais, não encontramos formalizada a presença de adolescentes com deficiência que cumprem medida de internação. O silêncio, entretanto, é ruidoso. Através de Marino, um jovem aluno da Escola Senador Pasqualini, encontramos inúmeras alusões e hipóteses sobre o desempenho escolar, capazes de justificar o encaminhamento para o atendimento educacional especializado. O ato infracional, contudo, borra a condição de uma possível deficiência e apaga o direito a recursos previstos, potencialmente eficazes para sustentar o aprender.