O Paraguai e a busca de um caminho para o mar : repercussões territoriais decorrentes de sua condição de Estado mediterrâneo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Vicente, Francisco Jorge
Orientador(a): Ruckert, Aldomar Arnaldo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Sea
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/255579
Resumo: Desde os primórdios da humanidade os homens buscam caminhos para o mar. Na América do Sul, antes da chegada dos europeus, o Caminho de Peabiru ligava o Oceano Atlântico ao Pacífico, atravessava o território paraguaio e era utilizado pelos povos nativos. Circunstâncias e desdobramentos geo-históricos transformaram o Paraguai em um Estado mediterrâneo. Esta condição político-histórico-geográfica ocasiona muitos prejuízos de todos os tipos e dimensões. O Paraguai já teve litoral marítimo enquanto era uma colônia nos séculos XVI e XVII. Era chamada de Gran Paraguay. Entretanto, desde as imprecisões cartográficas do Tratado de Tordesilhas e as manipulações cartográficas do Tratado de Madri, passando por diversos outros processos, o Paraguai perdeu parcelas de seus domínios territoriais. As ações expansionistas territoriais imperialistas da Confederação Argentina e do Império do Brasil no contexto de formação histórica dos Estados nacionais na Bacia do Prata, combinadas com a disputa pela livre navegação e o acesso aos portos, levou o Brasil, a Argentina e o Uruguai à Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai, sob o financiamento e os interesses da Inglaterra. Nesta guerra o Paraguai perdeu mais territórios e ¾ de sua população civil pereceu. Meio século depois enfrentou a Bolívia na Guerra do Chaco, quando saiu vencedor, porém até hoje busca construir uma capacidade econômica e nacional que lhe garanta autonomia e um ambiente favorável para superar sua condição de país pobre e dependente. Desde o século XVI, Assunção se constituiu como centro político nacional. Partindo da capital, os sentidos de fluxo de ocupação histórica de seu território revelam um movimento axial centrífugo e anti-horário, conformando um semicírculo no sentido sul-leste-norte tendo Encarnación, Ciudad del Este, Salto del Guairá, Pedro Juan Caballero e, mais recentemente, Carmelo Peralta como cidades fronteiriças nos extremos meridional, oriental e setentrional de seu território, constituídos em plataformas, para além da rota fluvial que o rio Paraguai lhe proporciona. No último período, as rotas bioceânicas, que atravessam o Chaco em busca do Oceano Pacífico, parecem dar seguimento a este movimento na busca de um giro replementar em relação às suas fronteiras. Isto parece ter definido, ou ao menos, ter influenciado fortemente a dinâmica de ocupação de seu terreno, o seu processo econômico histórico, a localização de suas maiores cidades e de suas regiões metropolitanas, o adensamento de suas fronteiras, as dezenas de cidades gêmeas e os seus processos de transfronteirização. Durante o período de expansionismo imperialista se utilizava somente do rio Paraguai para alcançar o mar. Durante a fase histórica de contenção territorial, as ações de conexão da infraestrutura regional em seu território foram, abortadas ou boicotadas por Argentina e Brasil. Posteriormente, já no período histórico de integração as ondas de regionalismo que trouxeram consigo os processos de integração regional não foram plenamente aproveitados, embora possa se identificar avanços na sua luta pela integração regional. Nos últimos anos o Paraguai tem investido em processos de planejamento econômico e territorial que visam corrigir seus fortes desequilíbrios territoriais, suas assimetrias sociais e econômicas internas, além de abrir novos caminhos em direção ao mar.