Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Costa, Manuela Martins |
Orientador(a): |
Gonçalves, Marcelo Rodrigues |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Palavras-chave em Inglês: |
|
Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/256701
|
Resumo: |
Introdução: Na conceituação das Redes de Atenção à Saúde, a telessaúde aparece como sistema de apoio capaz de produzir ajustamento entre pares e de racionalizar a demanda por meio da melhoria do acesso. O projeto Global Burden of Disease (GBD) aponta as doenças dermatológicas como a quarta causa de maior carga dentre as doenças não fatais. O papel do dermatologista no sistema de saúde está em aumentar a acurácia diagnóstica de algumas doenças dermatológicas mais raras ou atípicas e prover tratamentos especializados quando necessário. O objetivo da teledermatologia é auxiliar na promoção do melhor cuidado dermatológico possível e eficiente através da comunicação de informações, prevenindo o deslocamento de pacientes, quando isto for possível e adequado. Estudos de concordância diagnóstica entre dermatologistas remotos e presenciais foram o principal foco das publicações sobre teledermatologia por muitos anos. A evolução do tema no meio acadêmico foi intensa e a prática cada vez mais frequente em todos os lugares do mundo. Desde a implementação do DermatoNET pelo projeto TelessaúdeRS em 2016 no Rio Grande no Sul, já foram solicitados mais 11.000 laudos por médicos da Atenção Primária à Saúde (APS), abrangendo diversas dúvidas dermatológicas. Estes laudos compõem um banco de dados com todo o processo de avaliação de teledermatologia, desde o início com a dúvida gerada pelo médico da APS até à emissão de um diagnóstico mais provável e à sugestão de conduta inicial. Essas informações contém um potencial de revelação e de geração de conhecimento diversificado e abrangente, capaz de revelar associação entre características clínicas e sugestão de encaminhamento para atendimento presencial com dermatologista. Os fatores clínicos e terapêuticos associados com a indicação de uma avaliação presencial, e não unicamente remota, por dermatologistas é a questão de pesquisa abordada e de crescente interesse após a regulamentação da consulta remota no Brasil. Metodologia: Foi realizado um censo na base de dados do Projeto DermatoNET/TelessaúdeRS, o qual tem como população alvo indivíduos vinculados a APS do estado do Rio Grande do Sul, cujos problemas dermatológicos foram discutidos com a equipe de dermatologistas do projeto. Todos os laudos do DermatoNET são compostos por informações das solicitações com dados clínicos e por respostas redigidas pelos especialistas em teledermatologia. As informações da solicitação contêm dados textuais descritivos sobre o caso clínico fornecidos pelo médico solicitante, além de fotografias anexadas. O dermatologista teleconsultor elabora um texto com descrição das lesões com base na inspeção das fotos, sugere uma hipótese diagnóstica principal, classificando o caso de acordo com o Código Internacional de Doenças (CID-10), elabora um texto livre com as condutas sugeridas e por fim decide pelo desfecho de sugerir encaminhamento para atendimento presencial com dermatologista ou não. Foi utilizada recuperação de informações em texto automatizada através de linguagem de programação Python e baseada em um dicionário elaborado pelos pesquisadores para extração de variáveis. Para análise de associação 11 foram estimadas as de razões de prevalências (RP) de sugestão de encaminhamento e respectivos intervalos de confiança de 95%. A estimativa foi obtida comparando a sugestão de encaminhamento para avaliação presencial com dermatologista com os demais fatores. A análise multivariável foi realizada por meio da regressão de Poisson com variação robusta, e seguiu modelo conceitual hierarquizado. Resultados: Foram analisados 11.661 laudos de teledermatologia no período de fevereiro de 2017 a março de 2020, destes 2920 casos (25%) receberam a sugestão de encaminhar para atenção secundária presencial e 8741 casos (75%) receberam sugestão de permanecer na APS. No artigo 1, as características associadas a sugestão de não encaminhar foram presença de liquenificação ou xerose (RP 0,45, IC95% 0,32; 0,64), pústulas (RP 0,47, IC95% 0,37; 0,59), exsudato (RP 0,68, IC 95% 0,49; 0,94) e escamas (RP 0,62, IC95% 0,54; 0,72). Os sinais físicos associados com sugestão de encaminhamento para avaliação presencial com dermatologista foram lesões peroladas (RP 3,74, IC95% 3,24; 4,32), assimétricas (RP 2,14, IC95% 1,68; 2,71), nodulares (RP 2,46, IC95% 2,11; 2,87), infiltradas (RP 2,63, IC95% 2,17; 3,20), escleróticas (RP 2,16, IC95% 1,80; 2,58), ulceradas (RP 1,55, IC95% 1,23; 1,96), purpúricas (RP 1,67, IC95% 1,42; 1,97), hipocromicas (RP 1,19, IC95% 1,02; 1,40) e papulares (RP 1,17 IC95% 1,07; 1,28). Quanto a diagnósticos, estão associados à sugestão de encaminhar para avaliação presencial com dermatologista os casos de neoplasia malignas (RP 3,09, IC95% 2,76; 3,45), enquanto doenças infecciosas (RP 0,36, IC95% 0,30; 0,43) e outras não neoplásicas (RP 0,57, IC95% 0,51; 0,65) estão associadas a sugestão de não encaminhar para avaliação presencial com dermatologista. As condutas mais associadas a encaminhamento para avaliação presencial com dermatologista foram dermatoscopia (RP 4,48, IC95% 4,17; 4,82), fototerapia (RP 3,14, IC95% 1,64; 6,00), procedimentos cirúrgicos (RP 1,72 IC95% 1,55; 1,92) e outros medicamentos sistêmicos geralmente não prescritos na APS (RP 2,09, IC95% 1,38; 3,15). No artigo 2, o resultado foi um algoritmo original de associação entre palavras da solicitação, referentes à anamnese, e palavras da conduta, e que proporciona um ranking de palavras associadas a um termo de busca específico. O algoritmo criado foi avaliado criticamente por um dermatologista do estudo e comparado com o algoritmo de associação Apriori, com resultados coerentes clinicamente. Conclusões: Doenças agudas em pacientes jovens, especialmente aquelas pruriginosas, liquenificadas, descamativas, exsudativas e as infecciosas são as mais frequentemente manejadas pela APS com apoio da teledermatologia. A menção da necessidade de dermatoscopia foi a conduta mais frequente nos laudos com sugestão de encaminhamento para dermatologia presencial. A mineração textual foi útil para a análise de dados clínicos em linguagem natural, de forma automatizada e supervisionada, revelando conhecimento relevante para a prática da teledermatologia. |