Impulsividade, plasticidade sináptica e caracterização da transmissão dopaminérgica no córtex pré-frontal medial e no córtex orbitofrontal de ratas expostas à restrição de crescimento intrauterino

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Alves, Márcio Bonesso
Orientador(a): Dalmaz, Carla
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/201576
Resumo: Indivíduos com restrição de crescimento intrauterino (RCIU) demonstram um risco aumentado de apresentar desfechos metabólicos adversos ao longo da vida. Estudos mais recentes têm sugerido que a RCIU também possa alterar de forma persistente as preferências alimentares nestes indivíduos. Uma vez que alterações nos hábitos alimentares podem estar na origem do desenvolvimento de várias das doenças associadas à RCIU, torna-se importante identificar variações no comportamento desses indivíduos que favoreçam o consumo alimentar inadequado e investigar os mecanismos neuroquímicos potencialmente associados a essas alterações. Uma maior compreensão destes mecanismos poderia auxiliar tanto na prevenção quanto no manejo mais eficiente destes desfechos adversos. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento impulsivo, a plasticidade sináptica e a sinalização dopaminérgica no córtex pré-frontal medial (mPFC) e no córtex orbitofrontal (OFC) de ratas expostas a um protocolo de RCIU. Os resultados obtidos demonstram que a RCIU está associada a uma maior impulsividade em uma tarefa que avalia a tolerância dos animais ao atraso no recebimento de recompensas. Ao analisarmos os níveis de receptores D1, D2 e transportador DAT em diferentes fases da vida dos animais (dias 1, 21, 80 e 160 pós natal), foram observadas diferenças apenas na idade adulta, onde os animais RCIU apresentaram níveis reduzidos de receptores D1 no OFC e níveis elevados de receptores D2 no mPFC. dicionalmente, encontramos níveis aumentados da enzima tirosina hidroxilase fosforilada no córtex pré-frontal dos animais restritos já no primeiro dia de vida. Em relação à plasticidade sináptica, encontramos um padrão alterado dos níveis de sinaptofisina no OFC no período compreendido entre a idade pré-púbere e o início da vida adulta. Por meio do registro eletroquímico dos níveis de dopamina, encontramos uma liberação atenuada deste neurotransmissor no mPFC dos animais restritos em resposta à exposição e ao consumo de alimentos palatáveis. Mais uma vez no mPFC, observamos um padrão alterado de liberação de dopamina nos animais RCIU durante a ocorrência de um sinal sonoro que previa o recebimento de diferentes magnitudes de recompensas alimentares. Estes resultados sugerem que a RCIU possa induzir o aparecimento de comportamentos associados a um maior consumo alimentar, programar o sistema dopaminérgico mesocortical em favor de uma hipofuncionalidade em resposta ao consumo de alimentos palatáveis e favorecer a atenção em relação a pistas alimentares. Alterações precoces na síntese/liberação de dopamina, associados a alterações no padrão de desenvolvimento sináptico podem estar subjacentes às disfunções dopaminérgicas encontradas nestas diferentes regiões do PFC na vida adulta. Com este trabalho, avançamos na investigação dos mecanismos bioquímicos e comportamentais que conectam a RCIU a um risco aumentado de apresentar doenças metabólicas e obesidade ao longo da vida.