Cumplicidade de dependência e espaços de manobra : agência e resistência nas famílias camponesas produtoras de tabaco no Brasil e no México

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Dios Hernández, Dagoberto de
Orientador(a): Silva, Leonardo Xavier da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/242086
Resumo: No Brasil e no México, a fumicultura é uma atividade secular e socioculturalmente enraizada desenvolvida principalmente por famílias camponesas. As especificidades derivadas em cada zona de estudo, permitiram-nos encontrar particularidades, embora também diferenças. No obstante, a atualidade do Sistema Integrado de Produção de Tabaco (SIPT) não poderia ser entendida sem a participação das famílias fumicultoras. Assim, o objetivo principal desta tese é compreender a capacidade de agência e a arte da resistência das famílias produtoras de tabaco no Brasil (Rio Grande do Sul) e no México (Nayarit), diante do cenário complexo e das possíveis mudanças e desdobramentos provocados pela ratificação e implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. Para seu atendimento, apoiamo-nos da Perspectiva Orientada ao Ator e dos Diálogos Ocultos e a Arte da Resistência como referenciais teóricos, se complementando por uma metodologia maiormente qualitativa baseada no método etnográfico que usou como principais ferramentas a observação direta e participativa, diário de campo e a realização de 50 entrevistas nos municípios de Dom Feliciano (Brasil) e Santiago Ixcuintla (México). Os principais resultados apontam à existência de uma diversidade produtiva ao interior da propriedade rural donde o tabaco faz parte de uma atividade transgeracional convertida em uma espécie de escola camponesa. A base de recursos existentes é estratégica para a conformação de um espaço de manobra donde a capacidade de agência e resistência se constrói através de uma relação recíproca entre a propriedade familiar e a fumicultura. Desde esse lugar os conhecimentos, recursos, redes e contatos se materializam em um carrossel de estratégias através do qual são estabelecidas interfaces de negociação e disputa pela defensa de um território material e simbólico. Estratégias de vida que ao mesmo tempo permitem às famílias fazer frente a um squeeze da fumicultura, donde a especialização é resinificada em formas cotidianas de resistência mais sofisticadas e aperfeiçoadas em territórios funcionais à fumicultura. Mesmo que o discurso público da dominação e da conformidade em torno do SIPT não permita visibilizar que, ainda sobre as formas mais extremas de coerção e os limites de informação, as famílias fumicultoras são hábeis para estabelecer relações de cumplicidade e resinificar frente da estrutura externa as mudanças e câmbios, transformando-os em vantagens e benefícios adicionais dos já adquiridos ou conquistados para a continuidade dos seus projetos de vida e permanência no rural.