Métodos para avaliação e acompanhamento de pacientes candidatos a terapia de substituição de células-β

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Stefenon, Paula
Orientador(a): Bauer, Andrea Carla
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/196685
Resumo: O tratamento intensivo do Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1), objetivando atingir glicemias próximas do normal, reduz as complicações microvasculares e cardiovasculares, porém está associado ao aumento de episódios de hipoglicemias graves em até 3 vezes. A hipoglicemia é frequentemente negligenciada e suas complicações nem sempre são avaliadas. O National Institute for Health and Care Excellence orienta que os pacientes diabéticos sejam avaliados para o risco de hipoglicemia usando questionários específicos. Pacientes com percepção reduzida a hipoglicemia (PRH) tem risco aumentado de hipoglicemias graves e esses episódios podem evoluir para perda de consciência, convulsões, coma e até morte. A terapia de substituição de células β, através de transplante de ilhotas ou pâncreas, é uma opção de tratamento para pacientes com hipoglicemias chamadas problemáticas. As hipoglicemias problemáticas são definidas por dois ou mais episódios de hipoglicemia grave por ano ou um episódio associado a PRH. O acompanhamento desses pacientes é desafiador, tanto pelas próprias características da doença quanto pela limitação dos métodos utilizados para monitorar o controle glicêmico. Esses pacientes, na sua maioria, apresentam doença renal crônica, com anemia e uremia, levando a interferências na dosagem da hemoglobina glicada (HbA1C). Já o automonitoramento da glicemia capilar apresenta baixa aderência, com número de medidas diárias muito aquém das necessárias para um adequado ajuste e controle glicêmico. Diante do exposto, nós realizamos inicialmente a validação, adaptação transcultural e tradução de questionários para avaliar hipoglicemia (Clarke, Gold e Escala de Sintomas de Hipoglicemia de Edimburgo). A metodologia seguiu as orientações do ISPOR’s Task Force for Translation and Cultural Adaptation. Os parâmetros de consistência interna, confiabilidade (teste-reteste) e validade convergente foram adequadamente alcançados. Os questionários de Clarke e Gold foram posteriormente utilizados para avaliar a prevalência de PRH em um ambulatório de atendimento a pacientes com DM1 do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. A prevalência de PRH nos 123 pacientes incluídos foi de 38,3% com o questionário Clarke e de 25,2% com o questionário Gold. Esta prevalência foi maior nos pacientes com maior tempo de diabetes (p=0.002), menor HbA1c (p=0.047) e menor taxa de filtração glomerular (p=0.001). 8 Um segundo estudo foi realizado em pacientes com DM1 candidatos a terapia de substituição de células β, para avaliar o desempenho do sistema flashGM tendo como método de referência o automonitoramento da glicemia capilar (SMBG). Trinta e nove pacientes foram incluídos e 1420 pares de medições de glicose foram geradas durante o período de 14 dias. 41,5% dos pacientes estavam em terapia dialítica e os demais eram pacientes transplantados renais. 59% dos pacientes foram diagnosticados com hipoglicemia problemática. Correlação significativa foi observada entre os dois métodos (r = 0,818, p <0,001). A análise de Bland-Altman evidenciou uma diferença média entre os níveis de glicose de 2,32 mg / dL, porém com limites de confiança variando entre –122 a 127 mg/dL. A média absoluta relativa da diferença (MARD) entre o sistema flashGM e o SMBG foi de 25,28% (IC95% 23,6-27,5%), valor mais alto que o considerado adequado para medida de acurácia entre métodos. Quando as medidas de glicose pareadas foram plotadas no Clarke Error Grid, 92,75% delas encontravam-se na zona de precisão aceitável (zonas A e B). Os pacientes verificaram a glicose 2,8 vezes mais com o sistema flashGM do que com o SBGM.