O desenvolvimento da noção de Verstehen em Georg Simmel

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: De Luca, Gabriela
Orientador(a): Silva, Felipe Gonçalves
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/169012
Resumo: Tendo em vista uma contribuição para a discussão epistemológica sobre as ciências humanas e para o problema da objetividade do conhecimento científico que orientava os primeiros modelos filosóficos dirigidos à sustentação das Geistwissenschaften, esta dissertação procura reconstruir um modelo filosófico que teve papel ativo no debate, mas que ainda é pouco explorado em seu caráter epistemológico: o pensamento de Georg Simmel. Simmel fez parte de um grupo de filósofos alemães críticos ao nascimento naturalista das ciências humanas. Para eles, enquanto as naturais procuram explicar (erklären) a realidade por experimentação e análise causal, as ciências do espírito procuram compreender (verstehen) o fenômeno social através da interpretação das motivações dos indivíduos. Sua estratégia de penetração no fenômeno social recebeu o nome de Verstehen, ou compreensão. Devido à penetração no fenômeno social e aos diferentes pontos de vista abarcados, uma das críticas centrais enfrentada pelo grupo foi o perspectivismo, levantado como problema pelos positivistas. Simmel explorou o conceito de Verstehen partindo de uma crítica à visão mecanicista, circunscrita pelo realismo histórico e influenciada pelos pressupostos naturalistas e positivistas. Ademais, sua Verstehen sofreu modificações conceituais, as quais podem ser comparadas ao dividir o conjunto da obra simmeliana em dois grandes momentos epistêmicos: Idealista e Vitalista. Dada esta divisão, e tendo em mente o problema da objetividade e perspectivismo, a presente investigação é delineada a partir de três hipóteses iniciais. A primeira é, justamente, a existência de diferentes quadros conceituais em Simmel, os quais demonstram uma progressão intelectual madura e cada vez mais preocupada em explicar a natureza da Verstehen e como ela funciona. Esta hipótese contribui tanto para a discussão epistemológica das ciências, como para o melhor uso do autor, seja de seus escritos filosóficos ou sociológicos. A segunda hipótese refere-se especificamente ao conceito de Verstehen, admitindo-se a existência de duas noções de Verstehen, cada qual ligada a um dos períodos. Na fase Idealista, Simmel parece ter uma preocupação mais metodológica concernente à Verstehen. Na fase Vitalista, a Verstehen simmeliana surge como a relação fundamental entre indivíduos, ou seja, algo além de um conceito metodológico. De modo geral, a noção de compreensão perde o vínculo direto com a representação projetada e passa a vincular-se diretamente à noção de vida, como uma relação fundamental entre seres humanos. A terceira hipótese, por fim, vincula-se ao período Vitalista e tem como premissa um perspectivismo necessário para o conhecimento científico. Com o desenvolvimento intelectual da obra simmeliana, o perspectivismo deixa de ser um problema e passa a ser uma condição da investigação humana, uma condição que deve ser aceita com vistas a maior conhecimento científico da realidade social. Por fim, registram-se encaminhamentos para futuras investigações.