Mobilizando coletivos e construindo competências culturais no cuidado à saude : estudo antropológico da política brasileira de atenção primária à saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Targa, Leonardo Vieira
Orientador(a): Leal, Ondina Maria Fachel
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/24041
Resumo: Este trabalho estuda a política nacional de Atenção Primária à Saúde (APS) a partir da proposta de realizar uma outra antropologia das políticas públicas, que se aproxime do princípio de simetria. Inicialmente, alguns aspectos da APS e de como esta é constituída como modelo científico para os sistemas de saúde mundiais são revisados, bem como sua configuração atual no Sistema Único de Saúde, através da Estratégia Saúde da Família (ESF) e do Programa de Agentes Comunitários. Analisa-se também a forma como conceitos de família e de comunidade estão presentes nestas políticas. A partir do estudo das redes de atuantes, no sentido de Latour, sugere-se que as diferenças criadas entre a ESF e outros modelos, que dividem o cuidado da saúde em terapias especializadas clínicas e cirúrgicas de um lado e o planejamento epidemiológico-sanitarista de outro, podem ser entendidos como uma postura diferente em relação ao acordo modernista. Para isso utilizam-se três aspectos principais observados em campo: a) a prática de cuidado mais individualizado de saúde, ou clínica; b) o trabalho com territórios e as identidades relacionadas com o processo de territorialização; c) a prática da atenção domiciliar. Ao mapear estas redes híbridas mobilizadas pelas equipes de saúde da família, e especialmente, através do estudo da postura do médico de família e comunidade nestas, demonstra-se como outras naturezas e sociedades são produzidos e reificados de forma a esclarecer diferenças que se evidenciam em comparação aos modelos biomédicos e sanitaristas. Mais do que uma abordagem que inclua aspectos sociais do processo saúde-doença ou simplesmente uma prática diferenciada, mais humanizada, da biomedicina, sugere-se que a proposta da APS tem realizado uma alteração mais profunda no cuidado à saúde através da mobilização de atuantes em coletivos diversos, abrindo espaço para outras formas de entender o que é saúde e doença, a partir de uma postura diferenciada perante a natureza e a cultura, o que ainda não parece ser um processo totalmente claro. Por fim, aprofunda-se o estudo da noção de competência cultural que é, dependendo da forma como entendemos os dois termos desta expressão, no mínimo discutível e necessita ser repensada assim como sua valoração secundária perante as outras características da APS. Este trabalho pretende contribuir para uma multiplicidade maior de formas de se pensar o cuidado à saúde em meio à diversidade, que possa ser utilizado tanto pelos profissionais da saúde quanto por antropólogos, aproximando estas áreas.