Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Gomes, Guilherme Mautone |
Orientador(a): |
Rosenfield, Kathrin Holzermayr Lerrer |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/220585
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Resumo: |
O presente trabalho procura defender um intencionalismo e um contextualismo moderados enquanto espécies de reguladores discursivos para as teorizações sobre arte, sobretudo após o modernismo e seus desdobramentos, deslocamentos e distensões na produção artística contemporânea. Em nossa perspectiva, a aplicação do intencionalismo à arte permite compreendê-la como resultado de uma atividade intencional, derivada da própria intencionalidade dos estados mentais do seu produtor que, por sua vez, é compreendido numa condição de agência em relação a produção. Essa intencionalidade derivada é, por sua vez, facultada aos processos de recepção (ou estéticos) porque as intenções autorais são pensadas, a partir das análises de Noël Carroll (2001) e Paysley Livingston (2005), enquanto ontologicamente manifestos nas obras de arte através de estruturas propositivas: indícios de escolha, deliberação e formatividade. Isso confere, portanto, à abordagem intencionalista da arte uma concepção externalista no que diz respeito ao acesso da intenção autoral. Por outro lado, a aplicação do contextualismo à arte permite compreendê-la à luz do que se tem indicado, em diferentes pensadores, como campo da arte, circuito artístico (Dickie, 1997), sistema da arte (Bulhões, 2014) ou mundo da arte (Danto, 1964 e 2010). Nossa proposta é que esses termos variáveis, que recebem diferentes acentos teóricos em diferentes pensadores, sejam compreendidos ao nível de um contexto artístico decisivamente marcado por práticas sociais artísticas concretamente incorporadas nas culturas e historicamente transmitidas e modificadas. Desse modo, o contextualismo confere proeminência aos processos de (i) produção, (ii) destinação, (iii) recepção e (iv) discussão de arte que são capazes de determinar nominalmente a arte, seus usos e, sobretudo, a concessão de seu estatuto aos objetos através do processo de artificação, desenvolvido por Natalie Heinich & Roberta Schapiro (2007 e 2012). Importante mencionar que o processo de artificação executa uma função primordial na determinação da artisticidade (participação do conceito ‘arte’) de um objeto inclusive naqueles casos em que os objetos não são produzidos com intenções autorais. Identificamos a artificação enquanto um processo de fixação linguística da referência realizado por integrantes de uma comunidade que compartilha diversamente, além da linguagem, hábitos, práticas, procedimentos, instituições, inspirando-nos nas leituras e desdobramentos críticos do pensamento tardio de Wittgenstein representado pela nova teoria da referência e pela filosofia da linguagem comum: indicamos, portanto, o processo de artificação enquanto um dos muitos procedimentos de um subconjunto – o mundo ou campo da arte – da forma de vida linguística humana. Também oferecemos uma definição para a noção de contexto da arte. Com esses pensadores o debate de acento ontológico centrado no objeto dá lugar a um debate de acento ontológico centrado nas práticas, que entendemos motivado pelos próprios processos artísticos ao longo de sua história relativos à desmaterialização dos suportes tradicionais (Lippard, 1971) e, portanto, à dissolução das características fenomenologicamente acessíveis da arte que remontam à instauração da arte conceitual com os ready mades de Duchamp e Elsa von Freytag-Loringhoven. Diante disso, uma reorientação dos campos da Estética e da Filosofia da Arte a partir do intencionalismo e do contextualismo sugere, sobretudo, que esses campos sejam enriquecidos por (a) um manifesto reconhecimento do papel intencional do artista na produção da sua obra e por (b) um reconhecimento das determinações contextuais e particularizantes da recepção de uma obra pelo campo artístico e suas práticas. Nossa tese, portanto, consiste em afirmar que as tentativas de construção de sentido para as obras de arte devem se regular por deferências explícitas tanto às intenções do artista ou do produtor, quanto aos processos contextuais ou dos receptores. |