Avaliação físico-química, nutricional e de compostos bioativos de sete frutas nativas da Região Sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Rockett, Fernanda Camboim
Orientador(a): Tondo, Eduardo Cesar
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/211889
Resumo: O consumo regular de frutas tem sido amplamente recomendado e já foi associado à diminuição do risco de desenvolvimento de doenças crônicas, devido à presença de compostos com efeitos benéficos à saúde. Nesse contexto, o Brasil é considerado o país com a maior biodiversidade biológica do mundo e possui um grande número de espécies frutíferas, muitas delas encontradas na Região Sul. Embora o país apresente características climáticas e geográficas favoráveis à produção dessas espécies e que elas apresentem potenciais econômicos e nutricionais, ainda não são amplamente utilizadas pela população. Isso se deve ao fato de que ainda existem lacunas no conhecimento existente em torno da biodiversidade nativa e seu valor nutricional, com dados ainda limitados ou inexistentes. Assim, uma caracterização ampla das espécies nativas é considerada crucial para estimular seu uso. Neste sentido, este trabalho visa determinar o potencial nutricional de sete espécies nativas - Butiá da Praia(Butia catarinensis Noblick & Lorenzi), Butiá da Serra (Butia eriospatha (Mart. ex Drude) Becc.), Açaí Juçara (Euterpe edulis Mart.), Arumbeva (Opuntia elata Salm-Dyck), Maracujá do Mato (Passiflora actinia Hook.), Fisális (Physalis spp.) e Jaracatiá (Vasconcellea quercifolia A.St.-Hil.) - da Região Sul do Brasil. As frutas foram analisadas em relação as suas características físico-químicas, composição centesimal, teor de vitaminas e minerais, capacidade antioxidante, além da identificação e quantificação dos principais compostos bioativos. As frutas avaliadas apresentaram alto teor de umidade, baixo teor lipídico e boa quantidade de fibras, principalmente as do tipo insolúvel. O Açaí Juçara apresentou alta relação de sólidos solúveis totais e acidez total titulável (SST/ATT), excelente quantidade de fibras, teor considerável de vitaminas B5 e B6, luteína, antocianinas e alta capacidade antioxidante. Os Butiás da Praia e da Serra exibiram conteúdo elevado de vitamina C e do complexo B (B1, B2, B5, B6 e B7), além da alta capacidade antioxidante. A Arumbeva teve destaque como fonte de fibras, vitamina C e minerais (Ca, Mg, Mn e Zn). O Maracujá do Mato se destacou pelo conteúdo de vitamina B6 e o Fisális apresentou teores elevados de vitamina B3, B6 e carotenoides totais, além de apresentar perfil completo dos mesmos. Já o Jaracatiá se apresentou como uma excelente fonte de minerais (Ca, K e Zn) e proteínas; obteve alta relação SST/ATT e elevada quantidade de vitaminas A, C e do complexo B (B2 e B6), além de ter destaque no conteúdo de carotenoides totais e individuais (α e β-caroteno, β-criptoxantina e zeaxantina), apresentando um perfil completo destes compostos. O teor de nutrientes para a mesma espécie, coletada em locais diferentes variaram significativamente. Devido ao potencial interesse da indústria de alimentos, 8 extratos hidroetanólicos de três espécies também foram formulados e avaliados quanto a capacidade antioxidante in vitro e in vivo. Os ácidos hidroxibenzóicos e clorogênicos, a catequina e/ou a epicatequina e seus derivados e a rutina foram os compostos predominantes no Butiá da Praia. No Butiá da Serra os flavan-3-ols e os ácidos hidroxibenzóicos foram os principais grupos, com predominância de galato de epicatequina. Já na Arumbeva, destacaram-se dois ácidos hidroxibenzóicos (ácido piscídico e seu derivado), seguidos pelos derivados de isorhamnetina e o ácido caféico 4-O-glucuronídeo. Os extratos hidroetanólicos dessas frutas foram potentes desativadores de radicais livres, excelentes fontes de compostos fenólicos e não aumentam a geração de espécies reativas de oxigênio nem tiveram efeito tóxico in vivo. Por fim, o Butiá da Praia foi escolhido para ser foco do desenvolvimento de um método para prolongar o prazo de validade da fruta. As frutas foram armazenadas a 5 °C em três tratamentos diferentes: dispostos em bandejas de poliestireno expandido (aberto); embalados em nylon-poli multicamada com e sem atmosfera modificada (2% de oxigênio, 5% de dióxido de carbono e 93% de nitrogênio). As amostras foram analisadas nos dias 0, 5, 10, 15, 20, 25 e 35 quanto a parâmetros de qualidade pós-colheita. Aos 15 dias, o tratamento aberto não apresentava mais condições de consumo e o uso das embalagens foi capaz de aumentar a maciez, manter os níveis de carotenoides (sendo os principais o β-caroteno e a luteína); manter a capacidade antioxidante da fruta e sofrer menos perdas significativas de ácido ascórbico. O uso de embalagens, combinado ao resfriamento, foi suficiente para prolongar a vida útil dos butiás minimamente processados por até 25 dias. As frutas nativas mostraram-se promissoras quanto a composição físico-química e nutricional, assim como quanto ao teor de compostos bioativos e a formulação de extratos pode expandir ainda mais seu uso. Além disso, práticas mínimas de processamento podem prolongar sua vida útil. Os resultados apresentados nesse trabalho podem estimular a demanda, o consumo e o cultivo dessas frutas, contribuindo para a preservação e proteção de fontes naturais de alimentos nutritivos, saudáveis e sustentáveis, trazendo benefícios à saúde da população.