Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Schmitz, Natália Viega de Souza |
Orientador(a): |
Doll, Johannes |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/219831
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Resumo: |
Nas últimas décadas, as políticas econômicas ampliaram o poder de compra da população através do crédito, encorajando o consumo mesmo sem dinheiro, por meio de uma promessa de dívida. Esse contexto facilitou o acesso a bens e serviços e provocou o endividamento, pois boa parte dos consumidores não está preparada para discernir sobre as relações de consumo, além de ser persuadida a consumir incessantemente. Percebemos também a emergência dos idosos como público potencial para o consumo, pela estabilidade de seus rendimentos, tornando-se um atrativo para as empresas e bancos. Entretanto, os idosos fazem parte de um público especialmente vulnerável nas relações de consumo, e com o marketing agressivo acrescido do abuso dos bancos, emerge o fenômeno do endividamento de idosos. Nesta dissertação tivemos o objetivo de analisar como idosas do Rio Grande do Sul com problemas financeiros lidam com as suas finanças. Desenvolvemos uma pesquisa qualitativa de campo junto a grupos de convivência de idosos do Sesc-RS e da FASC. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas e analisados a partir da análise de conteúdo. Foram analisadas entrevistas de 10 idosas, residentes em quatro cidades do estado: Bagé, Caxias do Sul, Passo Fundo e Torres. Identificamos três categorias para a discussão: a) Como as idosas aprenderam a lidar com o dinheiro; b) Como se desencadeiam processos de endividamento; e c) Como as idosas gerenciam as finanças. Na análise utilizamos como referenciais teóricos da área da educação as ideias de Peter Jarvis e Paulo Freire. Foi possível compreender que as idosas aprenderam a lidar com o dinheiro na vida adulta por meio de experiências como o trabalho, a composição de rendas e escolhas financeiras trazidas como “levar na cabeça” (experiência de disjuntura). O endividamento revelou-se reflexo de uma realidade complexa, marcada pela desigualdade social. Observamos certa dificuldade para o aprofundamento do tema nas entrevistas, na multiplicidade de razões apresentadas estiveram presentes: a insuficiência econômica, gastos imprevistos com a saúde, a adesão ao crédito consignado, o consumismo e a ajuda a terceiros. No que tange ao gerenciamento de suas finanças, verificamos que as idosas utilizam diferentes práticas: contar com o auxílio de terceiros, utilizar o dinheiro de acordo com as necessidades de subsistência, fazer compras à vista e em promoções, cortar gastos, atrasar pagamentos e comprar de forma parcelada. Ademais, sobre o futuro das finanças, ficou evidente o desejo de investirem em viagens como forma de fruir o tempo presente e a intenção de ter as finanças organizadas. Frente a isso, evidenciamos a necessidade de implementação de políticas públicas que criem condições necessárias para uma relação mais saudável dos idosos com as suas finanças, e ofereçam outros mecanismos de proteção contra o endividamento. Por fim, a educação financeira deve constituir-se como prática inclusiva, de promoção da cidadania, ampliando a capacidade dos idosos para a leitura crítica do mundo em que vivem, instrumentalizando-os para tomar decisões financeiras. Dessa forma, ultrapassando a perspectiva individualizante e culpabilizadora sobre o endividamento, de forma atenta à complexidade das relações humanas, nas quais há múltiplos interesses. |