Fatores que influenciam na sexualidade da população feminina com espinha bífida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Motta, Guilherme Lang
Orientador(a): Rosito, Tiago Elias
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/216944
Resumo: Introdução: A espinha bífida é o principal defeito neurológico do nascimento que ocorre devido a um fechamento inadequado do tubo neural, levando a disfunções multi-sistêmicas, como alterações motoras e bexiga neurogênica. A expectativa de vida dos pacientes com espinha bífida aumentou como resultado da melhoria dos cuidados médicos e problemas de vida adulta, como a sexualidade, tornaram-se preocupações crescentes entre essa população. Objetivo: Avaliar a vida sexual de pacientes com espinha bífida e sua correlação com fatores urológicos, neurológicos, ortopédicos, digestivos e socioeconômicos. Métodos: Estudo analítico transversal baseado na aplicação de um questionário específico sobre sexualidade feminina em 140 pacientes com espinha bífida de quatro cidades diferentes (Porto Alegre / Brasil; Barcelona, Madrid e Málaga / Espanha) entre 2019 e 2020. A pesquisa coletou dados clínicos tais como características neurológicas específicas da espinha bífida (tipo de lesão, nível medular, hidrocefalia), condições urológicas e digestivas (incontinência urinária ou fecal, cirurgia de ampliação vesical), fatores ortopédicos (capacidade de deambulação), dados ginecológicos (uso de contraceptivos, cuidados e conhecimento sobre saúde íntima), nível educacional e condição socioeconômica (dependência econômica e autonomia familiar). A vida sexual foi avaliada por meio da versão de 6 itens do Índice de Função Sexual Feminina (FSFI-6) validado em espanhol e português. As variáveis clínicas e sociodemográficas sofreram análises estatísticas de associação com os dados referentes à sexualidade. Resultados: Metade das pacientes do sexo feminino com espinha bífida teve atividade sexual pelo menos uma vez na vida, porém muitas não usaram nenhum método contraceptivo (57,1%). A disfunção sexual estava presente na maioria dos pacientes (84,3%) com uma pontuação total mediana do FSFI-6 de 14,5 (variação de 4-26), sendo todos os domínios sexuais prejudicados. Obesidade, tipo de espinha bífida, nível de acometimento da medula espinhal, hidrocefalia, uso de cadeira de rodas e distúrbios psicológicos não foram estatisticamente associados com diferenças entre as taxas de atividade ou disfunção sexual. A presença de incontinência urinária foi associado com menores taxas de atividade sexual (continentes 78.3% vs. incontinentes 44% p=0.003) e maiores taxas de disfunção sexual feminina ( continente 50% vs. incontinentes 96.2% p<0.001). Além disso, incontinência urinária e fecal foram significativamente associadas com piores escores em todos os domínios sexuais do FSFI-6, exceto para dor. O passado de cirurgia de ampliação vesical não foi associado com diferenças na atividade ou qualidade sexual. A análise dos fatores socieconômicos revelou que um menor nível de estudos (ensino médio ou fundamental 91.7% vs. ensino superior 40% p=0.001) e dependência econômica dos pais/família ou governo (dependência 95.3% vs. independência 66.7% p=0.002) apresentaram associação com maiores taxas de disfunção sexual feminina. Conclusão: A espinha bífida é uma complexa condição que exige cuidados adequados para alcançar uma vida sexual satisfatória. Há uma necessidade de melhorar o aconselhamento ginecológico entre as pacientes sexualmente ativas, uma vez que a maioria não usa nenhum método contraceptivo e corre 12 risco de gravidez inadvertida. Existem aspectos clínicos da espinha bífida, como incontinência urinária e fecal, os quais estão associados à diminuição da qualidade sexual e que devem receber maior atenção da equipe assistente.