Um longo caminho até o Porto Seco : lutas e disputas por espaço no carnaval de Porto Alegre (1994-2004)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Galli, Laura Spritzer
Orientador(a): Kerber, Alessander Mario
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/211513
Resumo: Esta dissertação aborda o processo que desencadeou na transferência dos desfiles de Carnaval das escolas de samba do centro de Porto Alegre para a área do Porto Seco, na Zona Norte da cidade. Durante mais de dez anos, diversos projetos de uma “Pista de Eventos” foram elaborados pela prefeitura municipal, buscando construir um espaço adequado para os desfiles das escolas de samba, que vinham crescendo em tamanho e qualidade. Os projetos foram feitos para diferentes locais: o Parque da Harmonia, Parque Marinha do Brasil, bairro Humaitá e posteriormente o Porto Seco, tendo como objetivo primeiro sediar os desfiles de Carnaval, mas também eventos como o desfile da Independência do Brasil, no 7 de setembro, e as comemorações alusivas à Guerra dos Farrapos, do Movimento Tradicionalista Gaúcho. Este trabalho trata dos motivos pelos quais as propostas de projetos não foram realizadas, quais segmentos da sociedade estiveram envolvidos nas discussões e quais argumentos foram utilizados para impedir a concretização de cada projeto, até a inauguração do Complexo Cultural do Porto Seco. Para isso, analisei notícias de dois jornais, o Correio do Povo e a Zero Hora, entre 1994 e 2004, e processos internos da Câmara Municipal de Vereadores. Procurei identificar como as discussões em torno da "Pista de Eventos" foram abordadas nas matérias jornalísticas e também como o tema foi tratado nas tramitações internas dos projetos no Legislativo porto-alegrense. Através dessas fontes, foi possível perceber uma ideia de Carnaval que estava posta nas discussões públicas travadas em torno da “Pista de Eventos”, de que os desfiles das escolas de samba trariam confusão e violência para a área onde fossem acontecer. Essa ideia de Carnaval está fortemente baseada em uma noção racista de que o Carnaval das escolas de samba não faz parte de uma identidade cultural de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul, sendo visto como um outro no espaço da cidade. Assim, embora diversos esforços tenham sido feitos na direção de atender às demandas dos carnavalescos de construir um local para os desfiles das escolas de samba, uma ideia de Carnaval expressada por moradores de diferentes bairros, representantes de órgãos federais, tradicionalistas, ambientalistas e membros do Poder Judiciário, impediu que a “Pista de Eventos” fosse edificada em áreas centrais de Porto Alegre.